Popload entrevista: JACK WHITE – "Tocar no Brasil? Não vejo a hora. Se o país não fosse tão longe, iria três vezes por ano"

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* A Folha de S.Paulo publicou hoje, na Ilustrada, uma entrevista que fiz com mister Jack White, assombroso guitarrista e dono de um dos melhores discos do ano, já. Como sempre, a gente replica aqui na Popload na versão maior, sem cortes e tal. Ladies and gentlemen, JACK WHITE Extended Version.

O talentoso músico americano Jack White tem um urubu no ombro na capa de seu disco, o recém-lançado “Blunderbuss”, muito provavelmente já inscrito na lista de melhores álbuns do ano mesmo estando longe de dezembro.
Além da ave negra, as letras do primeiro álbum solo da já longa carreira de White é muito sobre perdas, mudanças. O guitarrista não faz muito tempo acabou com seu casamento e botou um fim de vez na extrafamosa dupla White Stripes.
Apesar da carga sombria que acompanha o disco desde capa, letras e músicas, “Blunderbuss” é bastante iluminado. E White parece estar muito feliz por toda a repercussão em torno dele.
“As pessoas costumam achar que rompimentos são sempre trágicos. Não são. O fim de uma banda ou de um relacionamento não necessariamente é algo negativo”, White, em entrevista à Popload por telefone.

Ah, então você vir agora com um trabalho solo depois de integrar algumas bandas famosas não expressa o sentimento de “Eu quero ficar sozinho”?
“Foi acidente. O White Stripes acabou e o pessoal do Raconteurs e do Dead Weather está muito ocupado no momento com suas outras bandas. E essas músicas que eu botei no disco começaram a sair e me vi sozinho”, contou White. “Mas nada planejado e nada demais, também. Só me pareceu o jeito mais fácil.”

Não é fácil acompanhar a mente de Jack White. Quem o segue desde os tempos de White Stripes, que ajudou no começo dos 2000 a dar uma mexida no estado de ânimo da música jovem, sabe disso.
Primeiro injetou blues no indie e popularizou um formato de “banda de dois” só com guitarra e bateria, sendo que a baterista, mulher, nem era lá uma graaande baterista. Depois, no auge dessa, inventou outra, uma banda de amigos. Na sequência, uma supergrupo indie com um povo de outros grupos famosos. Agora, saiu solo, fez um disco que tem punk, country, blues, rock clássico, Queen. E montou DUAS bandas para acompanhá-lo: uma só de garotas, outra só de rapazes. Como ele explica esse “estranho mundo de Jack”?

“Eu nunca quero ficar quieto, parado. Preciso sempre seguir em frente. É difícil, porque o mundo do showbiz envolve fazer a mesma coisa o tempo todo! Este álbum saiu em meio a sessões minhas com vários músicos, e fui incluindo mais e mais gente na gravação do disco. Até que, quando chegou a hora de apresentar essas músicas ao vivo, decidi levar duas bandas comigo! Para que isso fosse um desafio”, explicou.
“Se você está em uma banda como o White Stripes, eles dizem o que você deve fazer, que você tem que ficar naquela banda por muito tempo e provavelmente fazer quatro ou cinco discos ruins na sequência. E só então parar. Não fizemos isso.”

Jack continuou: “Você não deve começar uma turnê pela América do Sul para promover um disco, se quiser lucrar. Com o White Stripes, fizemos isso e perdemos dinheiro, mas era o que queríamos fazer! Você não deve ter duas bandas na turnê como eu estou fazendo agora. Bad business! [Risos] Mas eu quero que assim aconteça! Não ligo para as regras. E é por isso que está dando certo. Se você é a Britney Spears e toma esse tipo de decisão, a sua carreira vai pro espaço! Tenho sorte que estou em uma posição na qual posso tomar essas decisões.”

E o urubu? “Foi um amigo que colocou ele lá. Pensando nas letras e nas coisas que estavam na minha cabeça, ele tinha que estar ali. E parece, na foto, que estamos fazendo amizade. Ou que fiquei amigo da morte”, disse. E sorriu.

**** + JACK WHITE, AGORA EM TÓPICOS

– “BLUNDERBUSS” – “Não sei se consigo responder como eu definiria esse disco. Você está perguntando para a pessoa errada. Eu penso em todas as músicas individualmente e não consigo vê-las como um todo. Cada uma desempenha um papel no disco e faço todas elas como se fossem o lado A do single! Quando eu comecei a mixar o disco, comecei a colocar as peças no lugar de uma maneira que elas funcionassem como um todo e fizessem sentido.”

– WHITE STRIPES – “Não vai haver volta. Acabou de vez! O que eu amo nisso tudo é que nós nunca fizemos nada de que não nos orgulhássemos. Não há uma música sequer que a gente tenha lançado e não ame. E isso é um histórico maravilhoso quando você olha para trás. A maioria das minhas bandas preferidas lançaram álbuns ruins e passaram anos nesse conflito. Nós nunca fizemos isso! Passamos treze anos juntos, é muita coisa, muita música.”

– AMAZONAS, 2005 [Sobre ter se casado no Rio Amazonas com um padre e um pajé e tocar no Teatro Amazonas, em Manaus, um lugar onde bandas internacionais não costumam tocar] – “As duas coisas aconteceram no mesmo dia, 1 de junho. Foi uma experiência incrível para mim, do começo ao fim. Casar de manhã no Amazonas e tocar no teatro à noite. Impressionante. Na verdade, nunca mais voltaria a Manaus para outro show, porque não gostaria de recriar aquele momento da minha vida. Foi bonito demais. Um dos melhores dias da minha vida.”

– BRASIL EM BREVE? – “Claro que sim, não vejo a hora! Queria que o Brasil não fosse tão longe, senão eu iria umas três vezes ao ano!”

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