Everything you know is wrong!
A volta aos shows da banda irlandesa U2 já teve seu “check”. Aconteceu em Las Vegas, sexta e sábado, na nova casa The Sphere, que está inaugurando com Bono e sua turma com a apresentação especial chamada “U2:UV Achtung Baby Live at the Sphere”. Já falamos disso aqui, desde sexta. O U2 fez apenas as duas primeiras performances de uma residência de absurdos 25 shows numa das cidades mais bizarras do mundo, por tudo o que ela representa.
Agora “esquece” o Bono. Com a Sphere, a gente foi bombardeada por milhões de vídeos em sites, Instagram, TikTok, X e Youtube neste final de semana. E essa vocação bizarra de Las Vegas ganhou uma outra dimensão. E está mudando a história da experiência de ver um show.
A coisa é tão polêmica quanto fascinante. “Cadê a banda? Cadê a música?” são pensamentos possíveis dentro deste mundo que assiste a mais shows e cada vez mais pela telinha ou telão do que diretamente com seus olhos. Talvez um título melhor para este post, que diz “…inaugura uma nova era” seria melhor com um “alarga ao infinito uma nova era…”. Mas, purista ou não, é fácil ver que não dá para parar uma possibilidade tecnológica como a Sphere.
O lugar, de tamanho e capacidade tecnológica inacreditáveis, já é considerado a primeira casa realmente imersiva de espetáculos do mundo. Porque ostenta a maior estrutura esférica do planeta, com um diâmetro de 157 metros, uma altura de quase 110 metros e é revestido por 1.2 milhões de leds do tamanho de um cinzeiro, Por dentro e por fora. Teria custado 2 bilhões de dólares para ser construído, tipo R$ 10 bilhões.
Por fora, desde que foi ligada no 4 de julho, o feriado da independência americana, A Sphere tem feito o trânsito diminuir consideravelmente na strip, a avenidona dos hoteis de Las Vegas. Às vezes parar. Com muitos carros estacionando em perímetro proibido, para admirá-la e fotografá-la com o celular.
Porque não é fácil ver, no meio de prédios, no meio da rua, uma esfera gigantesca mostrando com nitidez absurda um globo ocular, uma bola de tênis, a figura do Smile, o planeta Marte, entre outras coisas (foto acima).
Por dentro, tem uma capacidade para 20 mil pessoas, pagando ingressos que custam de 450 a 1600 dólares, algo perto de R$ 2300 o mais barato a R$ 8000 o mais caro.
Se as transmissões de TV de 4k são consideradas hoje em dia o supra sumo da modernice, imagine estar em um local que reveste seus olhos com uma definição de 16k, que produz a chamada “foto realista”, que os olhos já não conseguem detectar as estruturas e os formatos da Sphere. O tempo todo, segundo os relatos, era a impressão de se estar do lado de fora do lugar, tal definição da luz do dia ou da noite projetadas.
Sonoramente, os relatos são igualmente embasbacantes. Dentro da esfera, o sistema de audição é planejado de tal forma que a nitidez sonora atinge por igual cada um dos 20 mil espectadores, onde quer que as pessoas estejam sentadas (ou de pé).
O impacto é tão grande que o que mais se falava, para quem como nós vamos a shows sem parar, é para esquecer tudo o que já vimos, porque não há comparação.
Para quem viu a parafernália construída para o palco principal do festival The Town, por exemplo, já tem a percepção da nova era em que viveremos porque o palco da Sphere, em si, parece ser bem simples e pequeno. É uma outra dimensão de valores. Um outro registro.
Muita gente pergunta nas redes o que vem na Sphere depois da residência do U2. Uma certa volta do Pink Floyd?
O badalado diretor Darren Aronofsky deu há poucas semanas a pista que vamos ter cinema dentro da esfera de Las Vegas, para uma audiência de 20 mil pessoas, a um preço médio de quase R$ 1400 o ingresso. O cineasta postou um impressionante vídeo de um teste de seu novo projeto, “Postcard from Earth”, mais que um filme, uma experiência cinematográfica, porque é o que a casa de espetáculos do meio do deserto de Nevada proporciona. “Postcard from Earth” estreia na Sphere nesta semana, dia 6, na próxima sexta-feira.
De todo modo, por enquanto, veja o que dá para ver de um dos shows quase inteiros do U2 dentro da maior experiência que combina som e imagem já vista até hoje.
Talvez seja uma “covardia”, dada a experiência, mostrar esse concerto em vídeo de Youtube. Mas, por enquanto, é o que temos.