Quando Julian encontrou Karen

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Não parece que faz tanto tempo, mas há treze anos (13!) a gente tenta achar “o novo Strokes”. E pode até ser que a gente tenha encontrado — de Vaccines a Arctic Monkeys, passando por Libertines e Parquet Courts, váárias bandas receberam esse apelido, com motivo ou sem, não importa agora. O que não tem volta mais, assim como todas as “ceninhas” de cidades grandes e antenandas e conectadas, é aquele momento em que tudo passa a acontecer ao mesmo tempo, dando aquela sensação de que aquele é o melhor momento e o melhor lugar para se estar agora. Estamos falando do “zeitgeist indie” de 2001, que ficou lá na Nova York pré-11-de-setembro, que fique claro, quando o Brooklyn ainda não exportava homens barbados com óculos de aro grosso e a moda vintage “extreme” era só coisa de Amish mesmo.

Foi nessa NY que Julian Casablancas bagunçou o rock mundial com “Last Nite” (sim, aceitem), sem qualquer aviso, e fez moda também, deixando todos os indie kids com cara de Ramones (o mullet mezzo-jogador-Argentino-mezzo-Joan-Jett, a calça skinny com blazer e all-star? Tudo culpa dos Strokes). E foi nesse ano também, que o Yeah Yeah Yeahs, um trio barulhento com uma vocalista extravagante e colorida, a incrível Karen O, bombava na pista electro-rock com “Date with the Night”. Era o indie saindo dos palcos e chegando às pistas, sendo remixado, virando tendência, pauta, inspiração para revistas de moda etc.

E daí que, treze anos depois desse tumulto todo, depois que Strokes e YYYs passaram por várias fases, por CDs que caíram bem e outros que não foram lá essas coisas e por várias mudanças de looks e cortes de cabelo, a TIME OUT americana formalmente “apresenta” Karen O ao Julian, Julian a Karen O. Prazer.

A ocasião, claro, tem a ver com o lançamento dos discos “Tyranny”, dele, e “Crush Songs”, dela (lançado pelo selo dele, Cult Records). São os dois representantes da cena nova-iorquina do comecinho dos anos ’00 juntos, em uma capa linda de morrer:

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A revista propôs que os dois se entrevistassem. E é nessa que eles soltam que, na verdade, nunca conversaram direito como amigos. Ou mesmo saíram juntos. Ela, por na época não conseguir se conectar com outros vocalistas, “como dois polos positivos que se repelem”.

O papo começa com Radiohead, passa pelo filme “Dirty Dancing”, Lou Reed e termina com a (nova) paixão mútua por… ópera.

Separamos alguns trechos do papo de Julian & Karen abaixo:

Julian: “Você gosta de Radiohead?”
Karen: “Sim, gosto”
Julian: “Eu vi um cara na rua que parecia o Thom Yorke, e pensei: ‘Será que ela gosta de Radiohead’ Você gosta um pouco? Muito?”
Karen: “Thom Yorke é muito especial. O vocal dele acaba comigo, pra começar. Não acho que seja porque eu sou uma cantora ou porque eu componha, mas eu acabo viajando na voz mais do que em qualquer outra coisa na música. E a voz do Thom Yorke é absurda. O resto é…”
Julian: “…Uma merda total? Tô brincando.”

Ele diz que lembra quando a banda dela abriu para os Strokes, quando os dois grupos nem selo tinham, mas que ele estava tão nervoso que não conseguiu interagir ou prestar atenção, e que lembra ter achado a formação do trio, com uma guitarra, “original e cool”. Já ela se recorda bem de um show deles, em comecinho de carreira. Lembra até o que ele estava vestindo. “Estava checando seus futuros rivais?”, ele brinca.

Karen: “Sim, e você foi meu ‘concorrente’ por um tempo”.
Julian: “Eu nunca vi dessa maneira”.
Karen: “Claro que não, você estava no topo! Você estava detonando”.
(…)
Karen: “Então… é, eu me lembro de sentir isso”.
Julian: “Que merda, eu não sabia. Bem, a gente não se conhecia.”
Karen: “E era meio que o clube do bolinha na época, então eu sempre me senti meio que a ovelha negra, mas no bom sentido. Eu usei isso a meu favor.”

Leia o bate-papo completo aqui.

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