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* “Nunca tinha falado por Skype com ninguém que não fosse da minha família”, disse à Popload Alec Ounsworth, vocalista e guitarrista e líder e remanescente da banda indie americana Clap Your Hands Say Yeah, de certo nome na efervescência do novo rock, tipo 2005, 2006. David Bowie, David Byrne e eu fomos vistos em vários shows incríveis do grupo, ali na zoeira causada por Strokes e White Stripes na década passada.
A afirmação é estranha, porque a entrevista por Skype foi pedida por mim, já que sempre considerei que o músico fosse “rato” de internet, porque foi por conta de uma eficaz movimentação nas redes, lá em 2004, 2005, que o CYHSY relativamente estourou.
“Quase nunca entro em Facebook, essas coisas. Dificilmente. Aquela vez a gente só soltou para experimentar o que ia acontecer e a coisa toda tomou forma sozinha, disse Ounsworth, falando de sua casa na Filadélfia.
Hoje basicamente uma dupla só com Alec de membro original, o Clap Your Hands Say Yeah toca no Metropolitan, em São Paulo, numa festa regada a Negronis, a bebida bombator feita com Campari. É uma festa que, se não é fechada, só teve seus ingressos limitados (600) distribuídos de graça por meio de sorteio, ou um tipo de gincana virtual, entre inscritos em um site.
A balada parece ser boa num dia cheia de boas baladas em São Paulo. Além do CYHSY, tocam ainda as manecas Big in Japan (Michi e Jess), Dago Donato + o gênio Guab, e os fera Roots Rock Revolution.
O show terá os hits do Clap Your Hands Say Yeah, tipo “The Skin of My Yellow Country Teeth” e “Upon This Tidal Wave of Young Blood”, além das novas, do álbum “Only Run”, lançado em junho.
Entre os papos com a Popload, Alec disse tipo isso:
– “Sou meio ignorante de Brasil, confesso. Nunca visitei nem a turismo. Ouço todo mundo falar bem do público, dos fãs. Espero ter algum fã por aí, haha. Na verdade tudo vai ser uma grande surpresa. E acho que uma boa surpresa.”
– “A gente começou há dez anos, como a maioria das bandas começam. Algumas canções já escritas, amigos músicos se juntando para tocar. Quando soltamos umas músicas pela internet e vimos que algumas pessoas se interessaram pelo nosso som, isso nos estimulou a fazer shows e mais shows, até que demos a nossa primeira grande sorte inicial. Ser convidados pelo The National para abrir uma turnê americana deles. Aí em percebi que a gente realmente tinha uma banda.”
– “Não sei dizer se hoje somos uma dupla, o que somos. Eu sei que muita gente parou, eu continuei em frente, não desisti da luta de manter uma banda, mesmo que hoje em dia tudo seja muito diferente nas nossas vidas ou mesmo na indústria da música, do que foi quando começamos, quando eu formei a banda, dez, 11 anos atrás.”
– “Sobre David Bowie gostar do CYHSY, na verdade eu nunca falei com ele. Soube que na época ele foi a dois shows nossos, um dos primeiros shows que a banda fez, e andou falando bem da gente por aí. David Byrne eu encontrei uma vez, fui apresentado a ele e ele nos elogiou também. Mas nada muito mais que isso. A única conclusão que eu posso tirar desses ‘encontros’ é que até David Bowie e David Burn vão a shows de outras bandas, haha.”
– “Nosso novo disco é claramente mais sombrio que os outros, talvez não tenha uma certa alegria de banda nova, porque reflete um momento que eu encaro tanto perante a música em si como o que eu tenho ouvido recentemente, que é um monte de gente tipo Tom Waits, The Cure na fase “Disintegration”. Na real é que eu nunca seria capaz de fazer o mesmo disco um atrás do outro, porque alguns singles ‘deram certo’. Isso talvez possa surpreender as pessoas, não sei por quê. As pessoas nos viam como uma banda dance, o que eu sempre achei estranho.”
– “A gente tem tocado bastante as músicas do disco novo ao vivo e o resultado tem sido bom. Cada vez melhor em cima do palco, até onde eu posso dizer o que acho. Fizemos duas partes de turnê americana e acabamos de voltar do Japão. Depois do Brasil, agora em outubro, vamos fazer a turnê europeia. Estou animado com as turnês, embora eu as ache bem cansativas. Mas faz parte. Tocar em lugar que nunca fomos, como o Brasil, me anima o dobro.”
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