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* Bom, o novo grupo inglês Squid é a bola da vez. Onde se fala seriamente de música independente, só se fala de seu álbum de estreia, o ótimo “Bright Green Field”, lançado na última sexta-feira.
Para uma banda com poucos “exemplos de performance ao vivo”, que acaba de soltar seu primeiro disco, parece aquelas coisas dos ingleses bombar suas próprias crias, tipo sair tocar na rádio BBC 6 Music, sair na “NME”, ganhar tijolinho com foto no site do “Guardian”.
Até porque o Squid não é lá uma banda de audição fácil, se posiciona do outro lado do pop e “Bright Green Field” às vezes se repete como se estivesse numa bolha de contentamento que só o próprio quinteto de Brighton e seus fãs pudessem frequentar. Não é qualquer novo grupo que, antes de seu primeiro trabalho, arrisca a lançar um single de apresentação, deles e do disco, que tem mais de 8 minutos de duração. Nem vou citar já, já citando, que o vocalista é o baterista.
Agora olha melhor para eles. Ou à volta deles. O Squid, ou melhor, seu álbum de estreia de “bandinha britânica”, ganhou uma nota 8 poderosa da Pitchfork, no dia seguinte que o disco saiu. Eles costumam avaliar uns dias depois do lançamento, em casos assim. Correram para dar a nota.
Mais, e muito relevante: a bandinha britânica, agora sem aspas porque sim, saiu em textão próprio na revista “New Yorker”, meca do jornalismo de alta cultura. Elogiando, mas a “New Yorker” não é de falar apenas porque um disco é bom. Eles escrevem quando esse disco, essa banda apontam caminhos novos.
O Squid é tão indie quanto quebrado. Faz tributos orgânicos ao indie dos 90 ao mesmo tempo que parece organizar o desorganizado som do grupo-irmão contemporâneo, experimentalíssimo e moderno Black Midi, por exemplo. Também é daquelas que roçam o jazz. E dá pinta de ser o mais longe que o novo pós-punk inglês, de Shame, Fontaines e Idles, pode chegar, na escala de evolução.
De novo, “Bright Green Field” é melhor nos caminhos que ele aponta, mais do que o resultado sonoro em si.
A “New Yorker”, voltando, começa seu texto sobre o Squid dizendo que o grupo, desde que começou em 2017 como uma banda cover de soul music e funk, gosta de testar seus limites. E os limites de quem tenta entendê-los, enquadrá-los. É bem isso.
O grupo é formado por cinco integrantes que não fazem uma coisa só na banda. Ollie canta e é o baterista. Louis canta e é guitarrista, assim como Anton. Laurie é baixista e toca instrumentos de sopro, vários deles. E Arthur se equilibra entre ser o tecladista, o percussionista e o violoncelista da banda.
“Eles não são uma banda pandêmica, mas, já que estamos vivendo no meio de uma pandemia, a convergência de fantasia com fidelidade ao conceito e experimentações do Squid se faz impossível de ignorar. À medida que o Squid está à deriva em um mundo esquisito que eles mesmo criaram, as bandas e os fãs que estão do lado de fora deste mundo parecem querer se aproximar dele”, diz mais ou menos o crítico da revistaça americana.
Abaixo, o Squid tocando ao vivo nesta semana, por 25 min, em session para a Rough Trade, o grande selo-loja, para a série “Transmission”, do instagram da filial de Nova York.
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