* Todos os caminhos da CENA brasileira, nos últimos dias, têm nos levado a Belo Horizonte, em particular à sempre interessante movimentação sonora mineira. Sendo nos lançamentos locais ou nos intercâmbios com cenas de outros lugares, seja com artistas ou eventos, dá para dizer sem medo de errar que a cena de BH anda mais forte que o time do Atlético-MG. A gente consegue provar.
1. Hoje e amanhã acontece a exibição na internet da edição mineira do festival pernambucano Coquetel Molotov, parceria cultural criativa de duas das cenas mais legais da CENA. Entende a salada cultural? Ela faz sentido. O Coquetel Molotov MG, em sua segunda empreitada por lá, tem parceria com a Quente, produtora de muitos agitos importantes de BH responsável pela produção e filmagem do festival. O evento vem em formato de série audiovisual e foi gravado no magnífico Inhotim, o famoso museuzão a céu aberto. Obviamente, joga a luz nesta cena mineira da qual estamos falando. Amanda Chang (foto da home), Bernardo Bauer, Best Duo, Marina Sena e Joca são algumas das atrações. Os episódios deste Coquetel Molotov mineiro serão mostrados, então, nesta terça e quarta, sempre às 19h, aqui embaixo. Ou, com todas as informações complementares, aqui.
2. Uma das atrações do Coquetel Molotov MG, acima, é o músico Bernardo Bauer, que se levantou da bateria da banda Moons para continuar sua carreira solo neste evento virtual. A caminho de seu segundo álbum sozinho, terceiro se contarmos o EP de 2017 (depois veio o disco cheio “Pássaro-Cão”, de 2019), Bernardo vai revelar no CM-MG as inéditas “Te Ver dormir” e “Te Ver andar”. Quer dizer, pelo menos a “Te Ver Dormir” dá para ver aqui embaixo. Mas, antes, ele fala para nós sobre a música nova: “Acho que ela fala por si própria. É bem literal. A Rosa, minha filha, nasceu no dia 23 de fevereiro de 2020. Quinze dias depois a gente entrou neste buraco em que ainda nos encontramos. Os primeiros meses da vida dela a gente passou no sítio, lembro de sentir muito medo – eu ainda não estava acostumado com essa vida de isolamento (é impressionante como a gente se acostuma com tudo né?). Lembro que ver aquela neném perfeita dormindo um soninho na roça me arrepiava, eram doses cavalares de esperança e eu vivi muitos dias ali, como se o mundo não estivesse se acabando. Aí um dia eu peguei o violão e escrevi essa música assim, de supetão, sem pensar muito, foram as primeiras palavras que vieram na cabeça. Como se fosse um retrato daquele momento.”
3. A espertíssima banda Mineiros da Lua acabou de lançar seu novo álbum, o segundo da jovem carreira dos jovens músicos de BH, chamado “Memórias do Mundo Real”. Pelo nome dá para sacar que o disco, uma coqueteleira de estilo a ver com a voracidade de informações da galera nova, que vai da psicodelia mineira ao rap e eletrônico, tem a ver com o aprisionamento imposto pela pandemia. Se tem um caso em que o isolamento social fez bem, foi no esmero sonoro dos Mineiros da Lua. O primeiro álbum foi “Queda”, de 2019, que rendeu altas expectativas para este segundo trabalho, que não nos decepciona tanto no som quanto em todos os conceitos empregados pelos quatro rapazes de BH: Diego Dutra (baixista), Elias Sadala e Haroldo Bontempo (nas guitarras) e Jovi Depiné (baterista). Principalmente o conceito visual deles, que usam máscaras tanto com uma alegoria de liberdade como em defesa de máscaras de proteção nestes tempos de covid-19.
4. Assunto de vários posts anteriores aqui, a cantora paulistana Isabel Lenza foi a BH construir seu segundo álbum, “Véspera”, que sai em agosto. Foi total gravado no estúdio Ilha do Corvo, na capital mineira, sob a batuta do produtor Leonardo Marques, responsável por enfeitar as sonoridades de 80% da cena mineira. Fora que Leo Marques acabou contribuindo com seus vários talentos de músico nas canções da paulistana. O que era só para ser uma viagem de produção de um single, fez Lenza não deixar BH enquanto o disco inteiro não estivesse pronto.
5. Outra banda que acaba de lançar novo disco, o segundo, é o electroindie Teach Me Tiger, grupo bem mineiro liderado pelo guitarrista Yannick Falassi (belga) e a vocalista e tecladista Chris Martins (paulistana). O álbum acaba de chegar às plataformas e pode ser ouvido aqui.
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