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* Todo artista de qualquer banda diz que aaaaaaaaama a cidade onde vai se apresentar. Pelo menos falam isso nas tradicionais e estratégicas entrevistas que dão a jornalistas locais antes de passar pelos lugares com suas turnês. Faz party!
Mas o grande Pelle Almqvist, um dos maiores showmen da história da música indie, o cara aí abaixo, parece mesmo lembrar com carinho das vezes em que tocou em São Paulo, especialmente uma no Cine Joia, em 2014.
“A gente escolheu São Paulo para nossa turnê mundial na web porque sempre foi um dos lugares que nós nos sentimos mais bem-vindos no mundo. Adoramos todos os nossos shows em SP”, disse Pelle à Popload por Zoom, para explicar que p*rra é essa que amanhã vamos ter um show do Hives em São Paulo. Ou “para” São Paulo.
“Teve um especial, num lugar chamado Cine “Ióia”, é assim que se pronuncia, um lugar que era cinema, muito cool. Eu me lembro de escalar a parede do lado do palco, a galera estava especialmente insana nesse dia, um monte de gente na frente da casa dando um tempo lá bem depois que o show acabou. Fiquei lá “hanging out” um pouco. Amei essa vez. Queria tocar lá de novo”, completa o vocalista falador do Hives, recordando sua terceira e última passagem por SP. Foi em 2014, acompanhando como banda de abertura a turnê do inglês Arctic Monkeys por aqui. Nessas, o Hives aproveitou uma folga para fazer um espetacular show solo no Cine Joia, na Liberdade.
A The World’s First World Wide Web World Tour 2021 do Hives passa amanhã por São Paulo sem passar. A banda sueca vai fazer lá de Estocolmo uma apresentação ao vivo, pela internet e com ingressos pagos, dedicado ao público de São Paulo, por extensão aos brasileiros.
Serão shows “geograficamente customizados”, para cada lugar, com algumas regras a serem seguidas. Serão realizados direto de um bunker na Suécia e pago: O show de SP custa US$ 17,5 a entrada, algo perto de R$ 100. E o público paulista poderá interagir com a banda, escolher música e até LIGAR para o Hives, para conversar com Pelle Almqvist, entre músicas. Haverá aplausos e gritinhos colhidos das interações paulistanas para se juntar ao som da live e simular um público real diante da banda. Enfim. Ex-pe-ri-ên-ci-a.
((A Popload sorteou dois passes para a apresentação ao vivo e em streaming do Hives para os brasileiros. William Esteves (williamest@gmail.com) e Paula Valelongo (paulargvalelongo@hotmail.com) foram os ganhadores da promoção.))
Essa Primeira Turnê Mundial Digital do Mundo, do Hives, começou semana passada, com shows em Berlim, Londres e Nova York. Hoje à noite é para Sydney, na Austrália. Amanhã, São Paulo. A “tour” acaba sábado, com show em Estocolmo, esse sim literalmente, ainda que virtualmente. Entende?
“Não aguento mais ficar sem shows. Eu realmente não sei o que fazer comigo mesmo nestes tempos de clausura e de não fazer o que a gente mais gosta. Com esses virtuais a gente vai poder lembrar um pouco como é tocar. Pelo menos sei que é o máximo que podemos fazer, o que é um pouco triste, mas ainda assim… Não é nada parecido com estar diante das pessoas com o som muito alto, não. Vivemos um período de crise de identidade mundial. Não é um sentimento exclusivo meu, exclusivo do Hives. Vamos levando”, conforma-se Pelle.
O showman do Hives falou com a Popload desde Estocolmo, Suécia, onde mora. Trancado em casa, não só por motivos pandêmicos obrigatórios. “Não bastasse a quarentena, não dá para sair na rua com este gelo e neve. Então estou preso aqui na minha casa”, falou.
“A pandemia é muito chata, tediosa. A maioria das coisas que eu gosto de fazer está lá fora, envolve gente perto, tudo o que não pode agora. Eu tive o vírus em março do ano passado, acho que eu posso ter os anticorpos, mas isso não resolve enquanto a família não os tiver, todo mundo não os tiver.”
Pelle continua falando sobre esse show paulistano direto da Suécia. O Hives, além da mencionada visita de 2014, tocou no ano anterior no Lollapalooza brasileiro e teve sua primeira vez por aqui em 2008, num festival chamado Orloff Five, em 2008, que teve ainda Melvins, o local Vanguart e as francesas da Plasticines na saudosa Via Funchal. Lembra disso?
“Acho que o show de São Paulo [de amanhã] vai ser muito legal. Uma apresentação virtual dessas com esse tipo de ligação geográfica ainda que à distância é um território que não estamos acostumados a atuar. Mas acho que essa virtualidade trombando com a realidade vai ser bem interessante. Vai ser um bom jeito de passar um tempo se divertindo, a gente daqui e vocês daí.
O Hives não lança disco novo desde 2012, quando soltou seu quinto álbum, “Lex Hives”, e passou a viver apenas do que mais dá fama à banda escandinava: as apresentações bombásticas ao vivo, com Pelle regendo a algazarra sonora e participativa. Mas isso, segundo o vocalista nos disse, vai acabar em breve. A história de não lançar disco, não os shows, veja bem.
“Acho que temos até dois novos álbuns para lançar. Nós temos muitas canções prontas. Precisamos só pensar como fazemos para colocá-las juntas em discos para contar uma história, saber quais vamos usar mesmo em álbuns ou não. Espero que quando essa turnê mundial virtual terminar, que é mesmo a primeira vez que a banda se encontra e trabalha junta desde que a pandemia começou, a gente possa passar um tempo em estúdio organizando isso.”
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** O Hives “toca em” São Paulo amanhã, via computador, às 20h. Os passes para ver o show e PARTICIPAR DO SHOW podem ser comprados aqui. Quem adquirir esse ingresso do show da sexta pode ver o replay do concerto até no sábado às 21h15. Mas daí logicamente não estará participando da interação ao vivo com a banda.
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