Top 50 da CENA: A disputa da liderança do ranking caiu num SP x Rio particular. Chuck e Vovô bebê brilham na nostalgia futurista. Mais: Adriano Cintra, Anne Jezini e Luana Flores (quem?)

1 - cenatopo19

* Que semana complicada de escolher um som que ficasse em primeiro. Primeiro lugar no nosso gosto, no nosso sentido de relevância para o momento. Não que isso seja determinante de coisas profundas, porque aqui não apuramos “as mais vendidas”, ou mais acessados nas redes, nem analisamos “métricas musicais precisas”, ou coisa do tipo. A gente só quer fazer um playlist legal, representativo da CENA na última semana, nos últimos dias, e precisamos começar com alguém, de algum lugar. É isso o nosso ranking!
A disputa foi pau-a-pau, uma coisa quase no pique do meme “Os dois a 80km/h”, sabe? Levou o Chuck, em cima do seu brilhante “concorrente” Vovô Bebê, em seu apelo à nostalgia. Nostalgia com cores fortes de 2020. Lá e cá.

Fora que o Chuck apelou para a nossa banda predileta, o Nirvana. E aí é sacanagem. Então, bandas, entendam, pensou em Kurt Cobain, pensou na gente. Se sonha com um primeiro lugar por aqui, a dica está dada. Só não conta para mais ninguém, certo?

Fora que nosso top 10 do TOP 50 tem, de novidades, ainda a grande volta de Adriano Cintra, a doce Anne Jezini cantando lá de Manaus sobre o dia que está clareando e a Luana Flores. Não conhece a Luana Flores? Pois devia. E a gente te ajuda.

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1 – Chuck Hipolitho – “Tem Cheiro de Espírito Adolescente” (Estreia)
Como o nome escancara de saída, aqui Chuck paga um tributo louco ao Nirvana e sua principal canção, a espetacular “Smells Like Teen Spirit”, mas de um jeito diferente e buscando um… hum… espírito representativo atual. De trazer para agora uma zona de conforto lá de trás, mas com jeitão 2020 (já viu o vídeo?). De toda forma, a canção é um expurgo necessário, um agradecimento ao passado, que vem mais do coração do que da mente. Talvez por isso emocione. Tanto.
2 – Vovô Bebê – “Bolha” (Estreia) 
Grande elemento da bombada CENA carioca atual e uma prova de que a vanguarda paulistana dos anos 80 não morreu, o senhor guri Vovô Bebê, persona de Pedro Carneiro, dá os primeiros sinais de um novo disco. Segue bem boa a proposta dele. E de toda a cena do Rio. Estamos muito de olho. E de ouvidos.
3 – Adriano Cintra – “Grow Apart” (Estreia)
Parte de um EP que experimenta sonoridades que tocariam em um rádio mental de 2008, Adriano prova de novo a preciosa mão que tem para o pop. A gente já sabia, mas não cansamos de redescobrir. Escolhemos esta, mas poderíamos ter pego qualquer outra do disquinho.
4 – Zé Manoel – “História Antiga” (1)
A delicadeza do piano e voz do pernambucano Zé Manoel por aqui lamentam uma história antiga de uma civilização mais antiga ainda que por acaso é a nossa atual. As lembranças de hoje, dolorosas, estão no passado porque Zé fala a partir de um futuro imaginado e construído pelo povo negro e indígena, onde a justiça se dá no Brasil. Uma construção sútil e para lá de utópica, mas poderosa. Se é mais fácil imaginar o fim dos tempos que a construção de um mundo realmente mais justo, Zé resolve escapar do conformismo. Parece pouco, dado que só é uma canção, mas quem disse que canções não mudam o mundo?
5 – Liniker – “Psiu” (2)
Produzida agora pela Boogie Naipe, só a produtora do maior grupo brasileiro de todos os tempos, os Racionais MC’s, Liniker estreia sua fase solo em grande estilo. A letra é um tanto enigmática, mas chutamos aqui que é uma conversa dela consigo mesma. Aprender. Amar-te. Arte. E vale reparar no dream team que toca na faixa: Júlio Fejuca, Gustavo Ruiz, Serginho Machado e Zé Nigro.
6 – Ítallo França – “O Time da Mooca” (4)
Itallo relembra em uma canção suingada sobre bater uma bola na infância com os amigos em Arapiraca, Alagoas. Mais brasileiro que isso, impossível. A letra é tão simples quanto rica ao trazer a escalação do time e umas cenas que trazem memórias muito importantes: “E eu era a número 2/ de caneta riscada na farda/ a marca da lama da bola/ na parede parda/o pé cheio de ferida”.
7 – Anne Jezini – “Faz Escuro Mas Eu Canto” (Estreia)
No sombrio Brasil de 2020, Anne recupera um poema que virou canção em outros tempos também terríveis, no caso, a ditadura no Brasil. Em clima moderno, Anne refaz o caminho que já foi percorrido pela voz de Nara Leão. Missão para poucos, mas ela deu conta bem demais aqui.
8 – Luedji Luna – “Ain’t I a Woman” (6)
Ainda mais apaixonados pelo disco novo da Luedji, lançado já faz um tempo e que fica nos vindo em ondas, como o mar, porque bom mesmo é estar debaixo dessas ondas. “Ain’t I a Woman”, uma das muitas boas faixas, e que pega o título do fundamental livro da autora e feminista Bell Hooks, traz o questionamento para dentro de uma história onde um homem esconde seu relacionamento com uma mulher negra. “Por acaso eu não sou uma mulher?”, questiona Luedji. Ao mesmo tempo, a música pode ser lida como uma denúncia mais ampla aos “apagamentos” das mulheres negras na sociedade como um todo.
9 – Tuyo – “Sonho da Lay” (7)
Você ainda anda sonhando? Ou já acorda apressado e perde o que sonhou? Vai ver a Lay Soares, parte do trio Tuyo, aprendeu com Sidarta Ribeiro, neurocientista que sabe tudo do assunto, a técnica de registrar os sonhos antes de eles sumirem na nossa mente. E transformou isso em canção. E que canção absurda de boa! Tuyo cada vez melhor. O som ainda tem a participação do cantor carioca Luccas Carlos.
10 – Luana Flores – “Reza” (Estreia)
Quem promete bombar em 2021? Luana Flores, anote este nome. Made in Paraíba. Enquanto ainda não é o ano que vem, pega esta faixa que ela lançou em parceria com outro nome que você já deveria ter no seu radar, a excelente Jéssica Caitano. E imagina um mundo melhor para depois deste mês, porque todos merecemos.
11 – Nu Azeite – “Vem Com Noix” (8)
12 – Rodrigo Alarcon – “Na Frente” (9)
13 – Carne Doce – “Garoto (Radio Edit)” (10)
14 – Black Alien – “Carta Pra Amy” (3)
15 – Khalil – “De Cara Pro Vento” (5)
16 – TARDA – “Ninguém por Enquanto” (11)
17 – Giovanna Moraes – “Singularidade” (12)
18 – Supervão – “Get Out” (14)
19 – Criaturas – “Omalola” (15)
20 – Luna França – “Minha Cabeça” (17)
21 – Chico Bernardes – “Em Seu Lugar” (18)
22 – Silva – “Passou Passou” (19)
23 – Wry – “Uma Pessoa Comum” (20)
24 – Carabobina – “Pra Variar” (21)
25 – Mahal Pita – “Oração ao Pretos-moços” (22)
26 – Kiko Dinucci – “Habitual” (23)
27 – Tagua Tagua – “Só Pra Ver” (24)
28 – Guilherme Held – “Corpo Nós” (25)
29 – KL Jay – “Território Inimigo” (26)
30 – Ana Frango Elétrico – “Mama Planta Baby” (28)
31 – Marcelo D2 – “4º AS 20h” (29)
32 – Rohmanelli – “Toneaí” (30)
33 – BK – “Movimento” (33)
34 – Vivian Kuczynski – “Pele” (34)
35 – Boogarins – “Cães do Ódio” (35)
36 – Jup do Bairro – “Luta por Mim” (36)
37 – Dexter, Djonga, Coruja BC1, KL Jay, Will – “Voz Ativa” (37)
38 – Mateus Aleluia – “Amarelou” (38)
39 – Valciãn Calixto – “Nunca Fomos Tão Adultos” (39)
40 – Letrux – “Vai Brotar” (40)
41 – Negro Leo – “Tudo Foi Feito pra Gente Lacrar” (41)
42 – Don L – “Kelefeeling” (42)
43 – Mahmundi – “Nós De Fronte” (43)
44 – Rico Dalasam – “Mudou Como?” (44)
45 – ÀIYÉ – “Pulmão” (45)
46 – Coruja BC1 – “Baby Girl” (46)
47 – Edgar – “Carro de Boy” (47)
48 – Jhony MC – F.A.B. (48)
49 – Djonga – “Procuro Alguém (16)
50 – Troá! – “Bicho” (50)

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* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** A imagem que ilustra este post é de Chuck Hipolitho.
*** Este ranking é formulado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix, talvez o maior estudioso da nossa CENA. Com uma pequena ajuda de nossos amigos, claro.

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