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* Eles estão zanzando pelo underground desde 2018 e ninguém nunca os tinha levado tão a sério, talvez pela aparência de banda de playboy, o nome coxa-estudantil Sports Team, ter sido formada na pomposa universidade de Cambridge, falar na letra de pescaria e golfe, o vocalista com jeitão de dândi-dramático de terninho comprado na Topman da Oxford Street, a loira na bateria, o vídeo do último single parecendo o vídeo de “Smells Like Teen Spirit”.
Aí, olhando direito, esse single novo, de fevereiro, “Here’s the Thing”, ele é espetacular. O vídeo é espetacular e começa com um menino inglês tosco tentando dominar uma bola de futebol. O lyric vídeo é espetacular, porque eles fazem um lyric vídeo caprichado e não somente bota uma letra em cima de umas fotos still. Você presta mais atenção na voz única do vocalista figuraça Alex Rice, percebe que ele canta coisas do tipo “Eu queria ser um advogado ou alguém que caça raposas” e que a banda tem um segundo vocalista, tão legal quanto.
Agora na pandemia, eles alugaram uma casa grande com cinco quartos (são um sexteto) no sul de Londres e foram se trancar juntos. Na sala tem dois pôsteres: um do Sports Team e um do Oasis. Um grudado no outro. Você já ama a banda e eis que…
Chega sexta passada e eles lançam o álbum de estreia, “Deep Down Happy”. É caótico, é furioso, começa e termina a toda velocidade. É indie e cabe bonito dentro do pós-punk atual. Você ouve a primeira música e pensa: “que música boa”. Isso se repete na segunda faixa. Na terceira. Na quarta. Na quinta. Na sexta, “Feels Like Fun”, que parece punk 1976, a sensação é a mesma. Na sétima, que é a hora da incrível “Here’s the Thing”, o single, também. O jogo já está ganho, chega a oitava, “The Race”, e você acha a melhor música do disco. Pelo menos eu achei, de cara. Mas ainda nem chegou a sua preferida meeeeeesmo, a “Kutcher”, feita para ele meeeeeesmo, o ator Ashton Kutcher (“I just wanted to be your Demi Moore”). Vai assim até a 12. Até o álbum acabar.
“Deep Down Happy”, o disco, traz algumas músicas que a banda vem lançando desde 2018, em singles e EPs, só que em versão melhorada. Quando falo aqui 2018 parece tão longe, não? Essa tese do “melhorada” não serve para “Fishing”, single de 2019, que nasceu clássica e chegou ao álbum clássica do mesmo jeito ao disco.
O álbum tem a energia do primeiro Fontaines DC, parece Art Brut na melhor fase do Art Brut, lembra Blur do começo, lembra Parquet Courts muito, tem o pique do Rakes, a capa é Pavement puro. Mas tem muita, mas muita personalidade. Quando você acostuma à banda, tudo vai parecer mesmo Sports Team.
Se você achava que o “college rock” tinha morrido, como eu, pensa de novo. Ele está bem vivo, ou acabou de ressuscitar sexta passada, com “Deep Down Happy” e o Sports Team.
Agora é com você, se vira. O disco está aqui. Abaixo, tem umas coisinhas.
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* A foto do Sports Team neste post foi feita por Sarah Louise Bennett, para a ótima revista inglesa “Dork”. A imagem da banda que está na home da Popload é de David Titlow e saiu na “NME”.
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Punk rock com teclados. Tem que ser bom….Fora que o vocalista meio que emula alguns trejeitos Mick Jagger circa 70’s…
Lúcio! Como crítico musical vc fez novamente: jogou toda a esperança do indie rock nas costas de uma banda mediana! That’s ok que, em termos norte americanos, fizeram isso com os Strokes jogando-lhes este fardo pesado, por assim dizer – sorte que a banda tem excelentes albuns no catálogo!
Não sou arrogante, mas só consegui ouvir 59 segundos de cada música!
Parece Blur? Sonha, keridinho!!!