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As boas voltas que o mundo indie dá. Ano passado, quando publicamos por aqui a série Mapa do Rock, citamos entre os bons nomes da música alternativa da capital Brasília a Oxy, banda shoegazer local, de alma psicodélica, e que tem também um pé no dream pop. Eis que tipo um ano depois, a Popload tem o prazer de trazer aqui no CENA o disco de estreia do quinteto brasiliense.
“FITA” tem lançamento pelo selo cool Quadrado Mágico e 10 faixas no total. Explorando sonoridades que vão da psicodelia ao noise, o grupo nasceu duo há três anos, formado pela cantora e compositora Sara Cândido e pelo guitarrista Blandu Correia, que também assina a produção deste álbum de estreia. Antes, soltaram um EP homônimo.
Encorparam o som e a formação da Oxy hoje conta também com os músicos Lucas Eduardo Pereira (guitarra), Thiago Neves (baixo, synth) e Marcelo Vasconcelos (bateria), deixando o som ainda mais denso, evocando grupos ícones do shoegaze lá do fim dos anos 80/início dos 90, tipo My Bloody Valentine e Slowdive, com guitarras distorcidas e pontuadas por uma voz feminina melancólica e doce, tipo o contemporâneo Beach House. Mistura das boas, do jeito que a gente gosta.
Antes da audição do disco, um breve papo exclusivo da Popload com a banda, que falou sobre…
** PROCESSO DE GRAVAÇÃO DE “FITA”
Oxy: A todo tempo pensamos no “FITA” como uma experiência sonora e visual. Nós estabelecemos nossos limites e trabalhamos em cima das possibilidades, conversando com vários elementos que até então não tínhamos explorado musicalmente enquanto banda. Pensando como grupo, foi um processo íntimo, desafiador, e produtivo – tiveram músicas compostas em um dia só, por exemplo, foi o caso de “Carriage”. O FITA passa por vários momentos, vai do dreampop, passeando pelo shoegaze, post-rock, beirando certos aspectos da psicodelia, pop, até o noise: barulho, distorção, não apenas na faixa, mas também do visual. Com relação ao EP, introduz um melhor uso de synths, guitarras reverberadas, e até dançantes, e é isso que estamos levando para os palcos.
** INFLUÊNCIAS SONORAS DE CADA INTEGRANTE
Oxy: Cada um de nós teve autonomia para trabalhar da forma que achou mais confortável. Tanto na parte de composição quanto na parte de produção. Saber dosar a influência individual e a pluralidade enquanto banda pra chegar em um resultado final, pode não ser uma tarefa tão fácil, mas conseguimos trabalhar bem em cima disso. É possível, por exemplo, enxergar a influência de cada componente em nossas composições e arranjos.
** SHOEGAZE REBUSCADO
Sara: Acredito que o processo de ressignificação é natural. O que é shoegaze hoje em dia? Não dá nem pra saber.
Blandu: O shoegaze é tudo.
Lucas: Não curto muito de me prender a um único estilo, mas ao mesmo tempo o shoegaze é fantástico! Então é sempre bom ter uma base, mas pensando sempre em adicionar e conhecer estilos novos. É como criar uma receita (risos)! É uma experiência incrivel.
Thiago: Acho tranquilo, pelas influências diferentes de cada já dá uma modernidade pra isso de forma natural mesmo tentando ser o mais shoegaze possível.
Marcelo: Mesmo com tantas influências de diferentes vertentes presente na banda, sempre tivemos o shoegaze como um foco, como se fosse um ponto de encontro para todos os estilos que cada um leva consigo. Levamos esse desafio mais para um ponto onde podemos encontrar o que seria o nosso ‘original’, tendo tudo o que cada integrante tem pra oferecer.
** CENA DE BRASÍLIA
Oxy: Fazer parte de Brasília é muito significativo pra gente. Seria pretensioso, porém, dizer que estamos trazendo coisa nova, mas ao mesmo tempo as bandas daqui vão muito além do estigma de pop rock brasiliense. Aqui em Brasília tem produção de tudo quanto é jeito. O cenário alternativo brasileiro vem ganhando mais atenção, é onde embarcamos. Com as letras em inglês tivemos alguma repercussão internacional também, tocamos em rádios shoegaze no EUA e em Barcelona. Isso é muito louco.
** “FITA” pode ser ouvido abaixo. O disco foi gravado no estúdio caseiro da banda, em Brasília. A arte da capa é obra de Enzo Correia.
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