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* A provocante “Isso É Castigo”, single que a nova cantora Isabel Lenza desabrocha na Popload hoje, é isto mesmo: provocante. É quase um axé, quase paraense, embora ela seja de SP e as músicas de seu primeiro disco, “Ouro”, que será lançado agora em 6 de outubro, vá por outros caminhos. Ou por vários outros caminhos. E essa guitarrinha “Nile Rodgers de Belém”, que faz Lenza parecer dançar enquanto canta, pode até destoar do “guia Popload de estilo” (?!?), mas dialoga forte com uma facção da boa cena paulistana de indie-axé-guitarrada, digamos, de nível Holger e Cupin, e não esconde uma cantora segura e de voz tão séria quanto gostosa para uma estreia.
Nova cantora mas nem tão nova compositora, Isabel Lenza, que num passado nem tão longe fez música em parceria com o já tarimbado Marcelo Jeneci, tem em “Isso É Castigo” a segunda amostra de “Ouro”, o disco. O primeiro single, o algo dramático “Cinematográfico”, canção perto de uma MPB que você enxerga em grupos como o excelente Carne Doce goiano, menos indie “gritado”, mais climático conduzido por uma excelente banda (psicodelia urbana causando sensações e botando guitarra em seu lugar, bateria em seu lugar, baixo em seu lugar), foi lançado uma semana atrás. Banda essa que faz cama para, em sua primeira música, a voz delicada da cantora pedir um certo socorro etéreo: “Me leva para longe num resgate cinematográfico / portal fantástico… Meu rosto está cansado de esperar / já não sou eu aqui”.
Segundo a ficha técnica entregue e colocando os pingos nos “is” da produção nada “amadora” de suas músicas, em seu disco de estreia Isabel está bem acompanhada por Fabio Pinczowski na produção, e os premiados Gustavo Lenza, seu irmão, na mixagem, com masterização de Felipe Tichauer, ambos donos de alguns Grammy. “Ouro”, o álbum, foi gravado no Estúdio Minduca por Bruno Buarque e Delão.
A banda, ou superbanda, que segura o som para Isabel Lenza cantar, tem Pedro Sá (guitarras), Bruno Buarque (bateria e percussão), Marcelo Dworecki (baixo) e Mauricio Fleury (teclados).
Aqui você ouve “Cinematográfico”. E depois, em primeira mão, “Isso É Castigo”.
ou aqui:
Com esses dois cartões de visita do álbum de estreia, Isabel Lenza já pede passagem para o grande time de mulheres boas que tomou de assalto todas as variantes da música independente brasileira. Resta aguardar agora, para daqui a pouco, o disco cheio.
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