Justin Timberlake, o novo rei do… rock?

>>

Se você perguntar para o encasquetado Liam Gallagher o que ele acha das bandas “novas” de hoje em dia, ele certamente com sua boca grande vai resmungar e falar, acima de tudo, que elas não têm ambição nem culhões. É uma reclamação que ele e alguns nomes expoentes de grandes bandas das décadas de 80 e 90 sempre fazem em suas recorrentes entrevistas mundo afora. Com todo o boom da internet, ficou “fácil” uma banda produzir seu próprio disco, seus próprios singles, agitar seus próprios shows e ficar ali na sua zona de conforto. Nem todas as bandas querem tocar em Wembley ou no Morumbi. Boa parte destas bandas nascem para tocar só no Shea Stadium BK, aquele lugar que falamos dia destes, que o “New York Times” descreveu como “um espaço que parece um apartamentinho grunge no fim de uma escada claustrofóbica que fica atrás de uma porta de metal sem aviso algum situado numa desolada zona industrial do lado leste de Williamsburg”. Não que o rock não precise dessas bandas. Mas é preciso também daqueles que toquem em Wembley e no Morumbi, para manter a chama do rock de estádio acesa, não é?

Nos últimos anos, se você pensar bem, poucas bandas se credenciaram a tal posto de “banda grande”. Tem o Foo Fighters, que é veterano. Tem o Coldplay, que não é tão velho, mas não é tão novo e também não é tão rock mais. Tem o Muse, que a gente ainda não sabe direito o que é. Bandas que surgiram como grandes promessas pós-2000 não vingaram a tal ponto de se tornarem megabandas no mundo todo. Nem Strokes e Arctic Monkeys conseguiram, por exemplo.

Daí que, de mansinho, aparece um nome que nem é do rock como forte candidato ao posto de nova megaestrela da música. Vai dizer que o Justin Timberlake pode não ser esse novo rockstar? Analisando o cara como artista contemporâneo, pensa bem. Justin, ainda moleque, já encarava a TV aberta americana no Clube do Mickey. Com 20 anos de idade, se apresentava para 200 mil pessoas no Rock in Rio. Nem havia chegado aos 30, era apontado “só” como sucessor do Michael Jackson. Hoje, aos 32, goste-se ou não dele, JT é o grande nome do momento, tem o disco mais aguardado do ano e, sem medo, parece querer sair de sua zona de conforto e se arriscar para valer, com uma nova sonoridade, um novo approach, uma nova mentalidade. Parece, Justin quer encarar todo esse megadesafio, tudo o que se espera dele, de frente.

Pois bem.

No mês que vem, Timberlake bota no mercado “The 20/20 Experience”, seu primeiro disco em cinco anos. Mesmo sumido, ninguém se esqueceu dele. Quando todo mundo pensou que Justin voltaria “o mesmo de sempre”, com todo aquele apelo sexy com dancinhas pop farofa, o cantor resolveu ousar. Botou uma grande banda de suporte – The Tennessee Kids – composta por treze integrantes, resgatou um pop que parecia esquecido, trouxe de volta o R&B que é orgulho do americano, botou na salada o funk e o soul que James Brown um dia mostrou ao mundo e, segundo o próprio, se inspirou em nomes clássicos do rock para compor e produzir o disco.

Em entrevista recente para a Capital FM de Londres, Justin disse que se guiou na sonoridade de Pink Floyd, Led Zeppelin, Queen e Bob Dylan neste “The 20/20 Experience”. “Se o Led Zeppelin gravava músicas de 10 minutos, por que eu não posso?”, indagou, se referindo à baladaça “Mirrors”. Disse que Dylan é um de seus maiores ídolos e que, antes de entrar em estúdio, adotou a filosofia do lendário cantor e compositor para pautar sua postura em seu disco novo. “Você deve estar apto a criar um outro mundo onde se possa viver dentro. Eu não vou falar por Bob Dylan, mas pela minha perspectiva, como um fã, me parece que ele passou a criar uma música que fizesse se sentir como outra pessoa, e é isso que deveria ser feito. O estúdio é realmente um outro lugar para onde você ainda pode ir e se libertar completamente. Você se tranca em um espaço e cria um outro mundo inteiro”, revelou.

Não que “The 20/20 Experience” seja um álbum rock n’ roll em sua sonoridade. Mas Justin parece querer buscar novos ares, fugir de estereótipos e testar seus limites. E se falta ambição para as novas bandas de rock dos últimos anos, o cantor pop quer dar um passo à frente. No complicado mercado dos Estados Unidos, vai sair das arenas para tocar em estádios de futebol, locais onde nos últimos tempos apenas nomes como Paul McCartney, U2 e Stones, por exemplo, ousaram tocar. Justin vai sair em turnê com Jay-Z para medir o tamanho do seu nome nos dias de hoje. Para ver mesmo se ele pode ser isso tudo. Para sentir se ele pode vir a ser um sucessor de Michael Jackson. Ou até mesmo um sucessor do roqueiro Elvis Presley, por que não? Mesmo que seja por caminhos tortos e guardadas suas devidas proporções. Mesmo que seja uma ambição barata, Justin está tentando…

>>

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *