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* A banda goiana Boogarins fez uma apresentação ao vivo no Centro Cultural São Paulo no começo de uma noite da semana passada. Até aí tudo no lugar. Um grupo de fora da cidade sem álbum lançado no Brasil num local charmoso porém pequenino, num horário (19h) que não é qualquer cidadão que pode ir prestigiar, principalmente se vive e/ou trabalha em SP. Já vi o Muse tocar assim em Chicago, o Arctic Monkeys se apresentar para menos gente em Austin, o Chemical Brothers meter seus baticuns nos ouvidos de Chicago para um público interessado nos shows que haveriam a seguir.
Não estou querendo dizer que daqui uns anos o Boogarins vai tocar em arenas, tipo o Muse em novembro por aqui. Mas uma banda sem disco lançado no país, sem tocar em rádio, sem passar vídeo na TV, lotar uma casa do tamanho que seja às 19h, com ingressos gratuitos (rá!) distribuídos e evaporados duas horas antes (ou seja, tinha que estar lá perto das 17h), com galera cantando em uníssimo não só uma, nem duas, nem três canções desse primeiro disco (bem, foi pelo menos quatro delas, que eu contei) nem lançado no país, é de fazer ainda admirar caras como eu, que vejo de dentro como a indústria de música funciona no Brasil pelo menos desde os anos 90. Ok, a internet…
O Boogarins lança seu segundo álbum no exterior no final de outubro, via o selo nova-iorquino “Other Music”. O nome do disco é “Manual”, sugestivo. Já tem turnês marcadas na Europa e nos EUA e além. “Manual” vai sair no Brasil inclusive, assim como enfim o álbum de estreia, “As Plantas Que Curam”, uma belezura lançada apenas em outro hemisfério, no ano passado, porque aqui ninguém quis.
Desse show no Centro Cultural de São Paulo, tiramos a faixa “6000 Dias”, talvez o segundo single a ser lançado do disco novo. Em terras em que single é “música de trabalho” e lançamento importante, para que uma banda atinja um público maior, diferente. Ah, como se viu no CCSP, o Boogarins nem precisa ser convencionalmente “trabalhado”.
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