A dupla sueca The Knife enquanto a mais importante banda do mundo hoje. E outras histórias

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* Os absurdos da música sempre começam em Londres. A estranhíssima banda sueca bacanaça The Knife, na verdade o duo eletrônico formado pela “difícil” Karin Andersson e Olof Dreijer, depois de um certo sumiço promoveu uma barulhentíssima volta à cena há poucas semanas, com música nova, anúncio de disco duplo-triplo vindo por aí, essas coisas, tudo isso.

A última do Knife rolou sexta passada: um teaser de uma música, seguido de vazamento da música toda, seguido de caça à internet para tirar a música antes-teaser vazada dos ambientes de Youtube, Soundcloud e afins.

Falamos de “A Tooth for an Eye”, segundo single do esperaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaado álbum “Shaking the Habitual”, o quarto da banda e o primeiro em sete anos, marcado para sair no comecinho de abril.
Em janeiro, o Knife já tinha chacoalhado o habitual na blogosfera musical ao apresentar “Full of Fire”, música com versões “normal”, de seis minutos e de nove, com vídeo e tudo. Foi um auê.

Se você tiver sorte e ainda não tiraram o link do ar, dá para ouvir “A Tooth for an Eye”, tribal e sinistra num sentido nórdico do termo, menos palatável que “Full of Fire” e outros hits num sentido The Knife do termo, aqui embaixo.

Mas onde eu quero chegar é o seguinte. Estava ouvindo semana passada um programa na XFM de Londres e começaram a falar do Knife. Falaram que a banda, depois de seis anos sem se apresentar ao vivo, marcou duas apresentações no delicioso Roundhouse, em Camden. Isso para começo de maio (o Knife começa a tour dia 27 de abril, em Hamburgo, Alemanha).
O bafo das datas europeias foi gigantesco, mas em Londres, pelo que eu ouvi na conversa dos espantados DJs ingleses, deu medo.

O que eu entendi foi assim: existia uma pré-venda, para fãs cadastrados em algum site do Knife, acho que o oficial. Essa info de pré-venda para cadastrados vazou horas antes e muita gente correu para se cadastrar, na noite do início dessa pré-vendagem especial. Em tempo: a venda normal se iniciaria na manhã seguinte. O show a princípio seria apenas no dia 8 de mail. Por causa do tumulto que eu vou contar, abriram concerto no dia 9 também. O histórico venue Roundhouse tem capacidade para pouco mais de 3 mil pessoas.

Pois bem, o site da banda caiu com a procura de gente que queria se cadastrar para “furar a fila” da venda comum. Quando a pré-venda foi ao ar (não sei quantos tickets reservados), se esgotaram em segundos. Na venda normal, sites caídos, tráfico pesadíssimo, esgotamento em segundos de novo. Para o novo show, tudo igual. Desespero e dor.

O ingresso normal, falaram na rádio, consultei depois, estava custando 27,50 libras, tipo R$ 85. Depois, começaram a surgir em sites de revendas por 270 libras, mais de R$ 800. Sumiram. Dizem que tem gente vendendo na internet, quando se acha alguém escondido em Facebook ou Twitter comercializando esse ingresso do Knife, por até 400 libras, equivalente a R$ 1.200.

Lembro muito bem que um amigo meu, em 2001, naqueles histórios primeiros shows dos Strokes em 2001, depois da explosão da banda, pagou 150 libras em um ingresso que custava 18. Isso virou manchete de jornal, a notícia do primeiro ágio do novo rock.

E agora, com essa do The Knife?

Os DJs da XFM, britânicos da gema, pareciam assustados na conversa. Eu também fiquei. Quero ver quanto vai estar na porta, no dia do show, com os famosos cambistas ingleses, raça mais atuante e organizada que eu conheço exercendo uma “profissão”. Se é que ainda vai ter ingresso nos dias da passagem do Knife por Londres.

A banda, em seu site, pediu profundas desculpas aos fãs pelo ocorrido com os ingressos em Londres e na Europa toda. Disse que fazia seis anos que não tocavam e não tinham idéia que uma coisa dessa poderia acontecer. Que é para os fãs não comprarem ingressos de cambistas. Que a dupla vai se desdobrar para fazer mais shows, mais festivais de verão.

** Há alguns anos, no meio da reclusão do Knife, eu fui a Estocolmo, Suécia, visitar a animada cena local, cruzar bandas e lugares de shows, essas coisas. Fui levado pela galera do festival brasileiro “Invasão Sueca”. Lá, lembro de ter sugerido uma aproximação qualquer ao The Knife, uma entrevista, visita ao estúdio. Me olharam como se eu tinha pedido uma palavrinha com o Conde Drácula no castelo dele na Romênia, sozinho, numa sexta-feira à noite. Falaram algo do tipo: “Acho melhor não mexermos com a Karin neste momento”.

** No festival de Sundance deste ano, um hit antigo do Knife, de uns dez anos atrás, aquela ótima “Pass This On”, foi usada no filme “Magic Magic”, uma das obras festejadas no evento. Na trilha e no inicio do filme, o ator Michael Cera aparece cantando a música de “viva voz”.

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