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* Mil trutas, mil tretas.
* Hoje à noite, assim como foi durante a semana toda e como será manhã, a TV Cultura bota no ar às 23h a reprise do programa Metrópolis, originalmente no ar domingo passado, em especial a edição que trouxe uma entrevista interessantíssima com o extrafamoso rapper paulistano Mano Brown, voz principal do incrível Racionais MC’s, a maior entidade do hip hop de qualquer quebrada do Brasil. E inclusive as de lá do Vaticano.
No hip hop brasileiro é assim, sempre foi. Você tem os Racionais e você tem todos os outros. E sem desmerecimento aos outros, alguns bem bons, mas a química de Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock, letras absurdamente perfeitas e cadenciadas em cima de bases bem construídas e cortantes, são imbatíveis na música brasileira, agora até extrapolando o hip hop.
Mas isso não é novidade e já faz 25 anos. São as bodas-de-prata que o coletivo dos Racionais comemora agora, uma vez que o primeiro disco, “Holocausto Urbano”, foi lançado em 1990 e começaria a preparar as periferias e além para a obra-prima “Sobrevivendo no Inferno”, o quarto álbum, de 1997, um dos mais perfeitos discos construído em português da história, mesmo que no “português próprio” dos Racionais, excelentes para contar as histórias que os cercam desde a infância.
Racionais 25 anos. Mano Brown falou ao Metrópolis que o Racionais continua firme e forte. “Racionais é o que é e é aquilo lá. Racionais não me pertence mais. Todo mundo sabe que roupa usar, o que falar. Racionais consagrou”, afirmou na entrevista, justificando que chegou a hora de ele dar uma mudada na carreira, aos 45 anos.
Boogie Naipe é o novo projeto solo de Mano Brown. Novo em termos, já vem em experimentação há algum tempo, levando o nome da produtora do grupo “consagrado”. Mas agora é parece não mais um experimento. À partir de dois shows em São Paulo, no final de julho, com bastidores gravados pelo “Metrópolis”, a coisa virou para valer. Quando o encantado primeiro álbum, esperado desde o ano passado, for lançado oficialmente, então…
E no Boogie Naipe a parada é outra, outra letra. É funk e soul-funk, do disco soul, do hip hop soul, do R&B soul, para falar de amor, com outra banda. “Sou movido a desafios. A gente não tem uma plateia formada. Não faz a música das rádios, não é a música do momento. Não tem nada a nosso favor”, diz, sem se importar com papinhos de “traidor da causa”. “É o Brown de sempre, o Brown do Jorge Ben, do Marvin Gaye, o Brown dos Racionais dos anos 90, que já usava essas músicas no fundo.”
“Não existe uma traição, não tá acontecendo uma mudança de direção que possa fazer as pessoas terem receio de a gente ter virado uma outra coisa ou ter ficado mais pop, mais comercial, mais isso e aquilo. É soul music. Música pro gueto.”
O Mano Brown tenso, dos Racionais, se apresenta amanhã com o grupo consagrado em Florianópolis, SC, dentro da turnê do novo álbum, “Cores e Valores”, lançado no ano passado. Semana passada a banda fez show no Audio Club, da Barra Funda paulistana, lotaaaaado. Temos o vídeo da performance para “Negro Drama”, exclusivo da Popload.
Logo abaixo, a entrevista de Brown para o “Metrópolis”, da Cultura, com cenas de seu show com o paralelo Boogie Naipe, grupo novo “com nada a favor”, a não ser o funk e o soul.
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