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Sharon Van Etten está entre nós. \o/ E nem bem chegou ao Brasil, já foi direto para a gravação do Popload Session. A gente não vê a hora de mostrar a session toda aqui, mas enquanto ela não fica pronta, um gostinho do que vem e do que você vai ver amanhã:
Ainda no mesmo dia, concedeu entrevistas pra TV, realizou um ensaio fotográfico para o site FFW e bateu um papo com profissionais de vários sites e blogs. Esta conversa foi transmitida ao vivo através do Periscope do Popload Gig (aliás, já está seguindo o Popload Gig no app? Vai ter mais Sharon ao vivo por lá! –) e foi tão legal que resolvemos compartilhar os melhores momentos:
Conhecendo o Brasil
“É muito intenso pensar no quão longe sua música pode chegar. Você chega no Japão, as pessoas conhecem a sua música e você pensa ‘o quê? Isso é muito doido!’ Então, me sinto muito sortuda. É empolgante! Não acredito que estou aqui. Mal posso esperar pra conhecer as comidas daqui. Eu amo comida. Eu amo dançar. Eu tenho uma amiga que mora em São Paulo, e ela é uma das pessoas mais divertidas e extrovertidas que existem e está bem ansiosa pra me apresentar aos amigos dela.”
Expectativa para o show
“Os shows mais difíceis são quando a plateia fica muito quieta. Alguns lugares na Europa são assim, as pessoas acham que estão sendo muito educadas por estarem quietas… Eu ouvi dizer que, no Brasil, o público é muito divertido e interativo. Se não estou recebendo nenhuma energia de volta do público, sinto como se estivesse falando sozinha. Sei que estão achando que estão sendo educados, mas eu acabo pensando ‘ai, eles me odeiam’. Interagir, contar uma história ou uma piada e receber a resposta das pessoas faz a diferença e é muito mais legal do que ‘música-silêncio-música-silêncio’. Fica aquela vibe de stand up. Eu prefiro do outro jeito.”
Show no Dia dos Namorados
“Perfeito! (Risos) Vou pedir desculpas para todos os casais na plateia. Estou empolgada com isso. A parte divertida de tocar ao vivo é que não preciso ficar presa naquela música. Posso viver o momento, olho pra minha banda e nos divertimos no palco. Sem falar na interação com o público, que é bem importante.”
Sobre cantar a dor
obs.: Sharon acaba de lançar o EP “I Don’t Want To Let You Down”, que reúne cinco faixas, sendo quatro delas sobras do álbum “Are We There” (2014)
“É difícil quando você se conecta com a dor, sabe? É um disco doloroso, foi uma composição dolorosa, mas foi alegre de gravar. Me diverti tanto no estúdio, como se aquilo fosse uma forma de fugir daquele tempo difícil. É um disco real e, às vezes, é difícil de ouvir. É difícil de cantar às vezes também. Se estou cantando ao vivo, posso começar a me engasgar porque me faz lembrar de sentimentos verdadeiros por pessoas com quem me importo e me importei. São músicas muito pessoais. Então, despertam emoções, às vezes, de um jeito bom, outras, nem tanto, mas tudo bem, tudo certo.”
O processo de composição
“Posso dizer que uso a música quando estou passando por algo muito intenso. Então, é como uma terapia. Eu toco um pouco durante algumas horas e gravo tudo, mas deixo ali por um tempo, não escuto a gravação logo depois de gravar. Espero uns dias, ou semanas, ou meses, e então escuto de novo e analiso o que eu estava dizendo e tento tirar partes que são ideias mais universais, que tenham algo que possa ser compartilhado, e então trabalho nisso como uma música, mas se é muito pessoal, eu não compartilho. Às vezes, eu tenho a melodia do refrão e alguma ideia de como ela seria no restante da música, mas costumo ir construindo a música a partir da melodia do refrão. As letras vêm depois. Geralmente, tenho uma frase e tento fazer a ideia dela passar pra toda a letra.”
Sua música é ela, e vice-versa
“Nunca quis ter um nome de banda, porque sempre toquei sozinha. Não queria que as pessoas pensassem que eu tenho uma banda. Isso sou eu. Essas músicas são eu. Não sou um personagem, nem uma rock star, nem nada. Você me ouve cantando, mas na verdade estou contando uma história sobre algo que passei. E as pessoas se sentem ‘obrigadas’ a me contar coisas – que, às vezes não são fáceis de ouvir, depois de tocar durante 1 hora em um show intenso com esse tipo de música. Então, eu escuto todas essas coisas terríveis pelas quais as pessoas passaram e como essas músicas as ajudaram a passar por isso. No final do show, às vezes, eu rio com as pessoas. Tem gente chorando e me fazendo chorar. É bem intenso, e parte disso me motiva a voltar à faculdade pra estudar psicologia, pra entender essas emoções. As pessoas acham que me conhecem porque as músicas são pessoais, e isso é legal! Mas eu gostaria de poder ajudar mais as pessoas, porque minhas músicas são só problemas, são experiências muito profundas.”
Lidando com as críticas
“Lido terrivelmente. Depende do tipo de crítica. Tem as construtivas mas, especialmente por eu ser mulher, as maiores críticas que recebo são sobre o meu visual. Eu não ouço mais, não presto mais atenção, porque isso existe e é o que a internet criou.”
Música e internet
“Sou feliz por ter crescido nos anos 90 e meu pai ter tido um gravador e tocador de fita cassete no carro. Eu não tive um celular até a faculdade, nos meus 20 anos. Então, tudo ficou mais fácil. É isso que o streaming é pra mim: não é um jeito ótimo de ouvir música, mas é mais fácil para as pessoas ouvirem hoje em dia, mais fácil para as pessoas obterem a música. E eu acho que você tem que abraçar isso. É bom, mas é possível encontrar meios de rentabilizar isso e pagar o artista e as pessoas envolvidas, apesar de ser tão difícil de controlar. Eu uso Spotify no meu celular, compartilho minha iTunes Store… Viajo muito, e seria difícil viajar com muitos CDs. Então, eu gosto dessa facilidade e desse conforto quando vou viajar, mas quando estou em casa, escuto discos, e acredito que muitas outras pessoas que são fãs de música fazem a mesma coisa.”
Nas horas vagas…
“Eu gosto muito de dançar. Então, se estou passando por um momento difícil, coloco uma música muito, muito alto, e deixo tocando. Se estou me sentindo mal e quero ficar alegre, costumo colocar uma dance music pra tocar. Sempre escrevo. Quando estou sozinha e tenho tempo de sobra, pego as demos em que estou trabalhando e as escuto, faço letras… Eu tenho muitas demos que acumulei durante os anos e tento transformar em alguma coisa. Faço uma playlist com elas no iTunes e fico analisando. Por exemplo, ‘ah, a faixa 5 tem uma melodia legal, mas os versos são horríveis. Vou trabalhar nisso quando chegar em casa’, ou então, tem vezes em que tudo está lá, menos as letras.”
>> Sharon Van Etten toca nesta sexta, 12/6, no Popload Gig #37, apresentado pela Heineken. Os ingressos estão à venda aqui. #PopLoveGig