Lá vem a Björk. Hum…

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* Assunto pop dos últimos dias, Björk foi a mais nova contemplada com um “velho problema” que ataca o mercado. A cantora islandesa viu seu novo álbum “Vulnicura” cair todinho na internet, poucos dias depois de ela mesma anunciar o lançamento oficial da obra para março.

Com produção que envolve Arca e The Haxam Cloak e até colaboração de luxo de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons, “Vulnicura” viu seus planos de lançamento se alterarem em caráter de urgência graças ao vazamento. O álbum foi disponibilizado na íntegra no iTunes na última terça-feira, 19.

Diante da correria toda, a Folha de São Paulo “me forçou” a ouvir o álbum para escrever uma resenha e o que eu achei está reproduzido abaixo, em texto publicado na edição de ontem (21/01) no jornal.

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Saudades de disco novo de Björk somem após 4ª faixa

Há partes no meio da faixa com pegada medieval “Black Lake”, canção mais bonita e mais longa (dez minutos!) do novo disco da cantora islandesa Björk, em que o som é mínimo, sem voz, um quase silêncio.

Passaram-se quatro canções inteiras —”Black Lake” é a quarta—, e ouso dizer que uma possível saudade de um álbum novo de Björk, depois de quatro anos longe de estúdio, já se foi.

Segundo Björk, “Vulnicura” é um “álbum sobre feridas e sobre a cura dessas feridas”. Após ter vazado na internet, teve de ser lançado às pressas nesta terça (20).

Uma das artistas mais inusitadas a habitar o pop desde que era indie e às vezes dividia vocais no Sugarcubes, Björk continua uma cantora única num universo que já foi indie, roçou o pop e agora é representante de uma certa “música clássica de vanguarda”. Aliás, faz um tempo que ela reina nessa seara.

E isso tem dois lados, o bom e o ruim. E, no caso deste nono álbum de estúdio da cantora, “Vulnicura” pende mais para o segundo lado.

Não que as músicas sejam ruins, longe disso. O disco foi construído pelo produtor venezuelano Arca, engenheiro de som moderno que vive em Londres e é bastante badalado hoje em dia. Ele botou experimentalismos clássicos com cheiro de futuro para a voz inconfundível de Björk reinar por cima.

Mas tal classicismo cheira a déjà-vu. Não se sabe se Arca não conseguiu conduzir Björk para novos lugares ou se Björk engessou Arca com seus maneirismos vocais.

O disco tende a crescer um pouco pelo dom de a islandesa ser menos uma “simples cantora” e mais um “editorial musical”.

Björk precisa de imagens e isso ela terá –seja pelos vídeos, pelo figurino do novo show (ela marcou sete apresentações em Nova York) ou pela retrospectiva que seu multifacetado trabalho vai ganhar no MoMA, em Nova York.

Assim, em audição rápida, como foi rápida a correria do lançamento, “Vulnicura” é um exercício para ouvir a sonoridade “retromoderna” que Arca construiu versus um modo gasto de Björk gemer vocais, em que tece atmosferas muito próximas ao que ela já fez em álbuns anteriores, principalmente em “Vespertine”, de 2001.

Em “Vulnicura”, muitas vezes, essa junção Björk/Arca parece não funcionar.

Ou, pelo menos, já que o disco está longe de ser ruim, não funciona do jeito que esperávamos ou queríamos.

AVALIAÇÃO: regular

* “Vulnicura”, tracklist
1. Stonemilker
2. Lionsong
3. History of Touches
4. Black Lake
5. Family
6. Notget
7. Atom Dance (feat. Antony)
8. Mouth Mantra
9. Quicksand

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