Para acabar com o Oasis, que aparentemente acabou comigo

Bom, pretendo aqui encerrar meus posts de Oasis e me recolher de novo aos shows indies pequenos. Chega de coisas bíblicas, majestosas, magnânimas.

Fui a seis shows de Oasis nos últimos dez dias, sendo quatro da banda original e dois covers incríveis. Não vou nunca a shows cover, mas do Oasis eu vou. Vou cada vez menos a shows de estádios e arenas. Mas se é o Oasis eu vou.

Me fiz frequentador de festivais por todos os lugares indo a shows de abertura e quaaaase sempre indo embora na hora do headliner. Mas ninguém hoje na música é mais headliner que o Oasis, e por eles eu fico até o fim.

Já vi Oasis em seis países diferentes (nesta tour “só” em dois) na vida, já entrevistei o Noel três vezes, uma delas andando de limusine e tomando uísque (ele ofereceu, eu aceitei). O Liam já quis um tênis Adidas encardido que eu tinha quando eu os encontrei certa vez.

Nessa mesmíssima ocasião fiz uma foto do Liam no Rio, com o Pão de Açúcar atrás dele, que a “New Musical Express” comprou de mim. Não lembro direito, mas deve ter sido com uma câmera bem chinfrim ou celular “supermoderno” de 24 anos atrás.

Mas ainda assim a “NME” fez pôster, revendeu a imagem para o “Guardian” e a foto acabou me rendendo dois dinheiro então. Pela primeira vez eu ganhei dinheiro com o Oasis diretamente, e não gastei.

Tenho até hoje a fita cassete de cinco músicas que veio encartada na mesma “NME” em fevereiro de 1994, e que acabou virando a dita primeira aparição (em áudio!) oficial do Oasis para um “grande público”, que trazia sem destaque uma versão demo “pobrinha” de uma tal de “Cigarettes & Alcohol” de uma bandinha nova.

Do tipo que ao ouvir aquela música naquela fita você diria para alguém do futuro: “Mentira que essa banda da fita um dia virou a maior do planeta”. Seis meses depois eles lançariam o disco de estreia, com uma “Cigarettes & Alcohol” mais encorpada, mais icônica. Que ajudou a dar no que deu.

Talvez por isso eu tenha me sentido, sábado e domingo, merecedor de estar num Poznan nessa música hoje em dia.

Anos depois comprei o single “Roll with It”, era anos 90, no mesmo dia em que o Blur lançou “Country House” (comprei também, claro) na chamada Batalha dos Singles, em que o Blur “ganhou” porque vendeu um pouquinho mais naquela semana.

Confesso ter achado à época a do Blur melhor mesmo, mas hoje já não sei mais.

Certa vez dei de presente ao Noel uma camisa do Palmeiras, que ele agradeceu bastante mas logo o imaginei dando o regalo para um roadie ou alguém da equipe. Aaaaaanos depois de novo, na minha última entrevista com ele (teria uma quarta, aqui no Brasil, mas fui vetado pela gravadora carioca porque um site australiano vazou uma música nova solo do Noel e a Popload deu), eu perguntei da camisa.
Ele: “Uma verde? Claro que eu guardei”. Fofo.

Por tudo isso, eu acho que mereci esse show “bíblico” do Oasis domingo, na minha cidade. Para fazer esse “wrap-up” de vida com os caras. Só espero não ter sido a última vez que eu os tenha visto. Por causa deles, não pela minha. Porque se tiver mais certamente eu vou de novo. Em algum lugar.

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* As fotos do Oasis em SP que ilustram este post são do sábado 22 e tem autoria de Joshua James Halling (@joshuahalling).