Refletindo sobre a dopamina, Robyn solta sua primeira música e vídeo em 7 anos

Robyn está oficialmente de volta e isso é coisa séria. Sete anos depois de seu último single solo, a sueca lança “Dopamine”, uma paulada de synth-pop emocional que chega já acompanhada de vídeo dirigido pela fotógrafa e cineasta Marili Andre, em um clima de pista minimalista, luz chapada e câmera colada na artista. A faixa marca também o reencontro dela Robyn com o produtor e parceiro de longa data Klas Åhlund, o mesmo nome por trás de boa parte das faixas de “Honey”, disco de 2018 que a consolidou como uma das mentes mais instigantes do pop dos últimos anos.

Em “Dopamine”, Robyn mergulha na obsessão contemporânea por medir, explicar e controlar tudo o que sentimos. Ela parte da ideia de que hoje todo mundo acompanha batimento cardíaco e “dados” do próprio corpo no celular e, a partir daí, discute essa tentativa quase desesperada de traduzir emoções em números, hormônios e processos químicos. A música gira em torno dessa duplicidade: de um lado, a sensação brutalmente real de desejo, dor, alegria e ansiedade e, do outro, a consciência de que tudo isso também é resultado de reações biológicas. Em vez de escolher entre religião ou ciência, Robyn parece “interessada” justamente nesse meio-termo, aceitando que as duas coisas coexistem enquanto ela canta sobre um sentimento que pode ser “só dopamina”, mas que, na prática, soa gigantesco demais para ser reduzido a uma molécula. Entendeu?

Musicalmente, “Dopamine” pega a fórmula clássica da artista, com batidas eletrônicas precisas, synths cintilantes e um refrão que parece ter nascido para ecoar em pista lotada, e ainda injeta detalhes que vão de vocais quase robóticos a explosões de teclados que lembram a escola disco e a rave europeia, tudo sem perder o centro emocional da voz de Robyn. 

Mesmo sem lançar álbum desde “Honey”, Robyn nunca chegou a desaparecer de verdade. Nesse intervalo, ela emprestou a voz para parcerias com nomes como SG Lewis, Jónsi (do Sigur Rós), Smile, Neneh Cherry e Jamie xx, além de aparecer no remix de “360”, de Charli XCX, ao lado de Yung Lean. Em paralelo, a artista segue alimentando sua aura de figura cult do pop moderno, adorada tanto por fãs de pista quanto por audiências mais alternativas.

“Dopamine” chega ainda com a promessa de um novo álbum já finalizado, segundo o próprio Klas Åhlund adiantou recentemente em um podcast. Veremos…