CENA – Com produção de Bruno Berle e Batata Boy, Phylipe Nunes Araújo nos leva ao sertão pernambucano em singles “mágicos”

Após os sucessos “Sereno” (2022) e “Tirolirole” (2024) gravados por Bruno Berle, artista alagoano já consagrado na CENA nacional, o pernambucano Phylipe Nunes Araújo, compositor em particular dessas canções, prepara-se agora para lançar um disco cantando suas próprias músicas.

Phylipe é de Santa Cruz do Capibaribe, na região do Agreste de Pernambuco, e tem forte ligação com o cancioneiro popular nordestino. E, para ambientar mais o público (e a crítica) ao novo álbum, que será lançado ainda neste mês de outubro, o músico apresentou dois singles seus: “Bixin” e “Asa”.

Phylipe Nunes Araújo. Foto: Virginia Guimarães

O disco tem no título o próprio nome de Phylipe Nunes Araújo e foi produzido pela talentosa dupla Bruno Berle e Batata Boy. Reunindo dez anos de produção de Phylipe Nunes, a “prévia” do trabalho já consegue imergir o ouvinte no universo do artista, que acaba se distinguindo bastante de muitas produções do costumeiro eixo Rio de Janeiro-São Paulo.

“De mei de mato”

As duas faixas que antecipam o álbum transmitem ideias bastante similares entre si: desde os nomes, que remetem a uma ave, passando pelos arranjos sutis e doces, com destaque do violão, às letras que cantam desencontros entre o eu lírico e um interesse romântico. “Asa” é uma canção mais simples do que “Bixin”. No entanto, a primeira, diferentemente da segunda, conta com um delicado piano no arranjo.

Mais sobre “Bixin”, que é a melhor entre as duas canções: de início, ouve-se na gravação um canto de um pássaro, bem sutil, seguido pelo violão que protagoniza o arranjo de forma também suave, acompanhado por uma tímida percussão. Logo, a voz de Phylipe entra em cena e começa a contar uma história que guia toda a música, de apenas dois minutos de duração. 

O canto de Phylipe Nunes Araújo é doce e revela um forte sotaque do sertão pernambucano, ambientando ainda mais o ouvinte ao seu universo musical. 

Tratando-se da letra da música, “Bixin”, assim como em “Asa”, traz palavras simples, de teor cotidiano, e explora uma narrativa romântica estrelada por um tal “bichinho”, que tudo indica é um passarinho que intermedia uma relação conflituosa entre o eu lírico e o seu interesse romântico, que parece distante. 

No arranjo são usados apenas instrumentos mais acústicos, o violão, o baixo acústico e a percussão, reforçando uma ideia mais “orgânica” da música, o que vai totalmente de encontro com a ideia dos outros aspectos de “Bixin”. A integração do ser humano com a natureza é parte essencial na música, tanto que o vídeo da canção foi filmado nas paisagens do sertão de Pernambuco, mais precisamente em Taquaritinga do Norte, mostrando imagens de Phylipe interagindo com o espaço. 

Phylipe Nunes Araújo. Foto: Virginia Guimarães

Ao mesmo tempo que “Bixin” tem a sonoridade “natural” e a lírica simples, a canção, aparentemente de forma paradoxal, soa bastante “mágica”. Isso porque, o combo da instrumentação orgânica, da letra que remete a uma história popular e da melodia da voz que lembra até, às vezes, um canto religioso, trazem uma sensação folclórica. A atmosfera da música dá a impressão de se distanciar do que é industrial e fabril e se aproximar daquilo que parece longe para muitas pessoas que vivem o cotidiano das grandes cidades. Vem daí o “desconhecido” e, portanto, o “mágico”, no melhor sentido.  

Por isso, é interessante pontuar que “Bixin” se aproxima do sagrado disco “Clube da Esquina” mas, desta vez, em vez de mergulhar nos morros de Minas Gerais, Phylipe Nunes Araújo caminha pelo agreste pernambucano.

Enquanto o álbum não é lançado, dá para voar até Pernambuco através de “Asa” e “Bixin”!