Top 50 da CENA – Sessa acha que vale a pena o primeiro lugar. Tori se arrisca em segundo. E a Bike fecha o pódio com sua essência real

As músicas da semana compartilham experiências das mais diversas. Sessa quer encher a vida de amor enquanto Tori se arrisca pelo amor de sua vida. E se a Bike encontra mantras no meio do caos, Fleezus puxa uma corrida a pé para viver a cidade e tomar um ar. Até o Supla cola na festa para tirar uma onda dos novos quadradões. Não estamos falando dos caretas, mas daqueles carinhas de queixo artificial. 

Sessa, aka Sérgio Sayeg, virou pai. Isso talvez explique o nome do seu terceiro álbum de estúdio: “Pequena Vertigem de Amor”. De olho no amor cotidiano, aquele que se renova a cada 24 horas, Sessa mira também numa esperança a longo prazo. “Vale a Pena”, por exemplo, funciona como a carta ou e-mail ou zap de um velho amigo enchendo a gente de energia com uma mensagem calorosa: “Vale a pena/ viver vale a pena/ estou com vocês”. Quando a madrugada se desfaz, os primeiros brilhos dão nova dimensão à vida. Sessa sabe disso e colocou esse sentimento em um som. Atenção redobrada na cama de graves armada por Biel Basile na bateria e Marcelo Cabral no baixo, uma das melhores dobradinhas possíveis na cozinha de qualquer um. “Pequena Vertigem de Amor” sai no dia 7 de novembro. 

O convite de Tori não esconde os riscos: “Não sei se dou pé/ Mas venha”. Se o assunto é quente, o risco é queimar. Ou se afogar, para ficar na metáfora da música. Tori explora a ilha como uma descoberta, um refúgio para o náufrago, um novo relacionamento, mas aproveita a figura para falar também da solidão. “Pele com pele até que se revele.” Um dos detalhes mais legais da música é a bateria de Domenico Lancellotti, reconhecível no primeiro toque de vassourinha que ecoa até a voz de Tori tomar para si a canção. A produção da faixa é compartilhada entre os dois, que dividem espaço ainda com Francisca Barreto no violoncelo e Julia Guedes no piano. “Ilha Úmida” fará parte de “Areia e Voz”, segundo álbum da artista sergipana.

“Noise Meditation” é o quinto álbum da Bike, banda psicodélica de São José dos Campos que varou mundo em suas turnês internacionais. O título do álbum explica rapidamente o conceito: sem roteiro, a banda começou em ensaios uma busca por ruídos e drones atrás de formar trilhas de meditação barulhentas. As letras seguem a mesma ideia, curtas para funcionarem como mantras. Com as canções formatadas, o trabalho em estúdio durou um dia! Trampo sério. “Essência Real”, o encerramento do álbum, é um bom resumo do conceitão. 

Já falamos isso uma vez, mas vale repetir. Mais legal que a Gab Ferreira cantando em inglês só a Gab Ferreira cantando em bom português! É o caso de “Seu Olhar”, o último single antes do lançamento de “Carrossel”, seu próximo álbum. Embebida em nostalgia anos 90, concordamos com Gab, ela chamou o som de próxima “trilha sonora de todas as minhas roadtrips de verão”. 

O que o Fleezus e o Dráuzio Varella têm em comum? Acha improvável alguma semelhança? Perdeu. Os dois são viciados em corrida e ambos definem a experiência como modificadoras em suas vidas. Dráuzio dedicou um livro ao correr, Fleezus dedica uma música. “O pace de malandro nada mais é do que o autocuidado e a correria do dia-a-dia nas ruas da cidade”. A faixa estará no próximo álbum do rapper, previsto para outubro. 

Em seu novo álbum de inéditas, “Nada Foi em Vão”, Supla vai do romântico (“Livre”) a boas homenagens para clássicos (“Be My Baby” e “Rain Drops Keep Falling in My Head” estão no repertório), mas sua verve bem-humorada e cronista é o que se sobressai mais uma vez. Em especial, na engraçada “Queixo Novo”, tirando onda dos rostos cada vez mais artificiais (e bizarros) vistos por aí. Quem diria, mas a histórica “Casa dos Artistas” hoje é suave perto do nosso show de horrores atuais das ruas. 

Talvez o nome Valentim Frateschi ainda não seja reconhecido por você. Mas, talvez ainda, se você acompanha um tantinho da CENA, já trombou com ele por aí. Baixista dos Fonsecas, ele também toca com nomes como Nina Maia, Francisca Barreto e o bombado Maria Esmeralda. O recém-lançado “Estreito” é sua excelente estreia solo e vale confiar em suas palavras: o disco é mesmo uma “um cruzamento entre João Donato, Jards Macalé e Arthur Verocai com Crumb, BADBADNOTGOOD e Yellow Days”. Não acredita? Repara nos tempos quebrados e os timbres estranhos nesta metáfora sonora a compor “Mau Contato”, onde faz um dueto com Sophia Chablau. Pelos caminhos tortos, Valentim percorre bem. 

“Vila do Sossego”, de Zé Ramalho, era querida por Cássia Eller. Tanto que existe um registro dela cantando a música no esquema voz e violão ao vivo. Anos depois, seu filho Chico Chico regrava ela em esquema mais roqueiro, com banda e tudo, inclusive dois camaradas de sua mãe: Fernando Nunes e Walter Villaça. A faixa deve estar no seu próximo álbum solo de estúdio, previsto para algum momento até o fim deste ano, já que ele também prepara um ao vivo ainda em 2025. Trabalhador esse menino. 

O Soulfly é das poucas bandas que pode frequentar nossa lista de lançamentos gringos e brasileiros. Por isso, nesta semana, está aqui e lá. Atualmente formada por Max Cavalera, seus filhos Igor Amadeus Cavalera e Zyon Cavalera e o guitarrista Mike de Leon, a banda segue uma multinacional. Cantando em inglês, o novo álbum deles terá título em português, “Chama”. Aproveitando os múltiplos sentidos, Max quer falar tanto de fogo quanto no viés de convocação, de chamar para briga, talvez. Max conta que o álbum é dedicado a Alex Pereira, lutador que usa “Itsári” do Sepultura como trilha de suas entradas. A banda foi atrás dessa energia. “Storm the Gates”, este primeiro single lançado, dá o tom. O disco chega em outubro.

No Top 10 desta semana, falamos de uma música de Billy Bragg denunciando como a fome é usada como arma de guerra contra o povo palestino há mais de 100 anos, do imperio inglês ao governo israelense. No Brasil, dos poucos que tocaram no assunto, Chico César também fez sua denúncia. Com forte inspiração nas músicas de protesto de Dylan, donas de longos versos, “Breu” abre com os seguintes dizeres: “Imagens da NASA mostram
o antes e o depois de Gaza/ morreu quase todo mundo/ e quem sobreviveu não tem luz”. A música ainda não foi lançada oficialmente, mas há um registro ao vivo postado em seu Instagram. Ele também anda tocando a faixa no bis dos shows da turnê “Chico César aos Vivos 30 Anos”. 

11 – Supervão – “Love e Vício Em Sunshine (Ao Vivo)” (5)
12 – Bella e o Olmo da Bruxa –  “Deus, Gay” (6)
13 – Urias – “DEUS” (com Criolo) (7)
14 – Bike – “NEU!A” (8)
15 – Felipe Cordeiro – “Vem, Love” – com Otto e Duda Brack (9)
16 – Pelados – “Whatsapp 2” (11)
17 – Nina Maia – “Manha” (14)
18 – Janine Mathias – “Um Minuto” (15)
19 – Paira – “Ao Mar” (17)
20– Rogério Skylab – “Mão no Pau” (18)
21 – Mateus Fazeno Rock – “O Braseiro e as Estrelas” (19)
22 – Eliminadorzinho – “Cinza e Carmezim” (21)
23 – Rashid – “Conversas Que Nunca Tivemos” (23)
24 – Joca – “BADU & 3000” (com Ebony) (24)
25 – Marabu – “Rubato” (25)
26 – Crizin da Z.O. – “Fatal” (com Edgar) (26)
27 – Ogoin e Linguini – “Sorte de Amor” (27)
28 – Rico Dalasam – “Dilema” (28)
29 – Don L – “Iminência Parda” (29)
30 – Lupe de Lupe – “Vermelho (Seus Olhos Brilhanto Violentamente Sob os Meus)” (30)
31 – Luedji Luna – “Bonita” (com Alaíde Costa e Kato Change) (31)
32 – Joaquim – “Emboscada” (32)
33 – Zé Ibarra – “Segredo” (33)
34 – Jadsa – “Samba pra Juçara” (34)
35 – Mateus Aleluia – “No Amor Não Mando” (35)
36 – Antropoceno – “Queda do Céu” (36)
37 – clara bicho – “Meu Quarto” (37)
38 – Stefanie – “Fugir Não Adianta” (com Mahmundi) (38)
39 – Maré Tardia – “Ian Curtis” (39)
40 – Vera Fischer Era Clubber – “Lololove U” (40)  
41 – Josyara – “Eu Gosto Assim” (41)
42 – Rael – “Onda (Citação A Onda) (com Mano Brown e Dom Filó) (42)
43 – Cajupitanga e Arthus Fochi – “Flamengo” (43)
44 – Terraplana – “Todo Dia” (44)
45 – Apeles – “Mandrião (Vida e Obra)” (45)
46 – ÀIYÉ e Juan De Vitrola – “De Nuevo Saudade” (46)
47 – Dadá Joãozinho – “As Coisas” (com Jadidi) (47)
48 – Gabriel Ventura – “Fogos” (48)
49 – Nyron Higor – “São Só Palavras” (49)
50 – BK – “Só Quero Ver” (50)

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* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, o Sessa, em foto de Helena Wolfenson.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro Vinícius Felix.