Hoje foi lançado o segundo EP da dupla mineira Paira, uma das prediletas desta casa, formada por André Pádua e Clara Borges, de Belo Horizonte. Além do lançamento do EP, saiu hoje também um novo vídeo da dupla, desta vez da faixa “Pra Sonhar”, gravado em BH, e que mostra um lado talvez mais otimista do Paira: com anjinhos e letras que dizem sobre “o novo”.
O duo estreou em 2024, com o primeiro trabalho, “EP01”, que saiu pela Balaclava Records e despontou no cenário alternativo nacional devido às suas boas composições e arranjos criativos, que exploram temas existenciais em uma esperta mistura de gêneros como o rock alternativo e, aqui tem o charme do duo, o drum’n’bass.

E, seguindo essa mesma linha sonora e poética, o Paira apresenta ao público o “EP02”, com cinco faixas, tendo duas delas, “Sua Casa” e “Confissão”, sido lançadas antes como singles. Neste segundo trabalho, a banda mineira continua na proposta de unir guitarras aos breakbeats mas, desta vez, apresentando uma atmosfera mais onírica, alternando o som entre momentos de caos e de calmaria.
Segundo a dupla, o disco novo tem maior influência de artistas como Alex G, Porches e do produtor de funk Rensgo, do Distrito Federal. Além disso, vale acrescentar que o som também remete, no melhor sentido, ao rock japonês (j-rock), que é bem lembrado pelas famosas aberturas de anime. Isso por causa do protagonismo das guitarras, das melodias cativantes e da instrumentação potente, no geral, além da lírica, que parece contar histórias da vida de alguma personagem.
O amanhecer e o anoitecer
Mais sobre as letras das canções, que são assinadas por Vinícius Cabral (da Godofredo): chamam bastante atenção evidenciando um eu lírico complexo, que vive entre a tensão e a paz, lidando com diversas emoções, muitas vezes paradoxais, como a mágoa, a perda, o desejo e a busca. Para ilustrar essa complexidade de sentimentos, há um forte uso de elementos da natureza, como as chuvas, as inundações, os mares e o dia e a noite, que dão conta do recado.
As capas do Paira também evocam a natureza, com a dupla Clara e Dedeco sempre andando – ou correndo – por campos verdes, às vezes nublados, às vezes ensolarados.

Mais sobre os arranjos: outro aspecto interessante é a alternância entre os vocais de Clara e de André, que geram um agradável contraste de timbres, agudos e graves, mas, também, agregam na sensação de um eu lírico que se comunica diretamente a um específico interlocutor, com quem parece discutir sobre questões complexas como o amor, o perdão, a mágoa, a esperança e a alegria e a tristeza.
“Esse EP foi quase todo composto no segundo semestre de 2024, em meio a uma temporada de viagens para fazer e assistir shows juntos com a Balaclava, sem contar que estávamos os dois vivendo relacionamentos a distância nesse período”, comenta André Pádua.
Em destaque, estão as faixas “Ao mar” e “Sua Casa”. Essa última conta com um vídeo fofo (e um pouco medonho) da dupla “presa” em algo que parece uma casinha de boneca. Essas duas canções transmitem bem essa sensação onírica que o EP evoca, alternando-se entre o sonho e o pesadelo, o que é, afinal, bastante humano.