Surpresas, polêmicas e música boa. O Glastonbury 2025 em vídeos bonitões

A edição 2025 do Glastonbury, rolou como uma das mais imprevisíveis e controversas dos últimos anos. Entre discursos políticos, mudanças estratégicas de estrutura, popstars em ascensão e uma série de shows que pegaram o público de surpresa, o evento entregou até o que não prometeu.

Logo nos primeiros momentos, ficou claro que Glasto 25 não seria dos mais tranquilos. A principal reviravolta veio com Neil Young. O lendário astro, quase 80 aninhos, criticou publicamente o festival por seu “excesso de controle corporativo”, apenas para ser anunciado como headliner no dia seguinte. Sua participação foi marcada ainda pela indecisão sobre a transmissão do show na BBC que, aos 45 do segundo tempo, foi sim exibido ao vivo.

Ao mesmo tempo, o clima político dominou os palcos e bastidores, especialmente pela presença do encasquetado Kneecap, que enfrentou forte pressão após seu vocalista, Mo Chara, ser acusado de envolvimento com terrorismo. O grupo irlandês, claro, aproveitou a polêmica e entrou no palco com um vídeo misturando um recortes de diversos jornais, além de críticas e mensagens de apoio ao grupo, envolvendo personalidades como Bono, Cillian Murphy e Noel Gallagher. Mesmo com toda a tensão envolvida, o show foi mantido.

Artistas como JADE, Joy Crookes, Rizzle Kicks e CMAT fizeram discursos contundentes pedindo o fim da guerra em Gaza. Já Matty Healy, vocalista do The 1975, causou desconforto ao pedir “menos política e mais amor e amizade”, frase que soou mais como uma tentativa de neutralidade do que uma mensagem autêntica.

Mas o Glastonbury também foi marcado por momentos de pura e inesperada magia musical. Uma das maiores surpresas aconteceu logo na manhã de sexta-feira, quando Lorde apareceu de forma não anunciada no palco Woodsies para apresentar, na íntegra, seu badalado novo álbum Virgin, lançado horas antes. O show foi tão concorrido que os acessos ao palco precisaram ser bloqueados por razões de segurança. Emocionada, ela disse ao público não sabia se faria outro álbum: “Estou de volta, completamente livre”.

Outro momento de bastante emoção aconteceu com Lewis Capaldi, que retornou ao Pyramid Stage após ter interrompido seu show em 2023 devido aos sintomas de síndrome de Tourette. No palco, fez um set enxuto de 35 minutos, encerrando com o clássico “Someone You Loved”, visivelmente emocionado.

E quem achou que o slot misterioso de sábado no palco principal seria de alguma banda em ascensão se enganou: o “Patchwork”, nome usado para despistar o público, era ninguém menos que o Pulp. A lendária banda britânica, liderada pelo gênio Jarvis Cocker, entregou um set recheado de hits como “Common People”, “Babies” e “Do You Remember the First Time?”, além de músicas do novo disco, “More”, o primeiro em mais de duas décadas, som a bela “Spike Island” surgindo como clássico instantâneo.

Ainda entre os shows surpresa, as meninas Haim apareceram de forma inesperada no Park Stage, enquanto Florence Welch subiu ao palco ao lado da recém-reunida The Maccabees, para cantar sucessos como “Dog Days Are Over”. Já Olivia Rodrigo proporcionou um dos momentos mais memoráveis ao chamar Robert Smith, do The Cure, para uma dobradinha histórica. Rod Stewart, por sua vez, não resistiu ao clima festivo e trouxe ao palco convidados como Ronnie Wood, Mick Hucknall e Lulu durante seu set “legends”. Destaque ainda para o show animado do “saudável” The Libertines.

Além de todos esses momentos espontâneos, o festival passou por mudanças estruturais importantes. Após as críticas à superlotação em 2024, a organização reduziu o número de ingressos e ampliou a capacidade de palcos secundários. A estratégia se mostrou eficaz, com o show da Charli XCX atraindo cerca de 60 mil pessoas ao Other Stage sem incidentes. Em contrapartida, o excesso de cautela causou alguns inconvenientes, como o fechamento antecipado do espaço West Holts antes da apresentação do Kneecap, mesmo com espaço disponível.

A ausência de participações especiais nos headliners foi notável. Nem Charli, nem The 1975, nem Neil Young trouxeram convidados, algo que virou tradição em anos anteriores. Nesse sentido, Olivia Rodrigo se destacou como exceção e arrancou elogios com sua colaboração com Robert Smith.

Entre tensões políticas, surpresas inesperadas e a força cada vez maior da nova geração, o Glastonbury 2025 provou que segue um espaço que determina muitas coisas no pop, mesmo precisando se moldar a cada ano.

Abaixo, alguns vídeos lindos da BBC em versão profissa, pra gente captar um pouco da vibe.