Crumb e o Brasil. Entrevistamos a vocalista e guitarrista da banda indie americana que faz três shows no Brasil neste final de semana

Parte bem interessante do supernovembro de shows no Brasil, a banda americana Crumb retorna ao país para três shows: São Paulo, Rio e Porto Alegre, todos nesta semana.

O quarteto indie de Nova York veio para cá pela primeira vez em 2022, para se apresentar no Balaclava Fest. No ano passado, o Crumb lançou seu terceiro disco, “Amama”, que foi considerado uma boa evolução nas sonoridades pop-psicodélicas da banda. 

A vocalista Lila Ramani, também guitarrista do Crumb e a garota da foto abaixo, conversou com a Popload sobre essa nova visita.

O papo foi assim:


Popload – Como estão as expectativas para o retorno ao Brasil?
Lila Ramani – Nós estamos muito animados. Na última vez que fomos ao Brasil, em 2022, nós fizemos shows em festivais, mas dessa vez é uma turnê como headliners, então vai ser legal ver a experiência dos fãs que vão nos ver, diferente de festival. Nosso público aí já foi incrível da última vez, então estou esperando mais loucuras. 

Popload – Quando vocês vieram pro Brasil da outra vez, conseguiram curtir um pouco da música daqui?
Ramani – Ficamos por muito pouco tempo, mas conseguimos passar alguns dias no Rio e fomos a algumas festas de rua. E eu também me lembro de ver música ao vivo em bares, e foi tudo muito incrível, inspirador. Então espero que desta vez a gente consiga fazer isso de novo. 

Popload – Vocês acabaram de lançar o terceiro disco. Eu tenho uma teoria que, no primeiro, a banda está conhecendo seu som, entendendo como fazer música. No segundo álbum você já tem uma ideia mais próxima do que você quer dizer e como. Mas é no terceiro trabalho que você finalmente já sabe o suficiente para entender quem você é e como é a sua música. Estou viajando? Como você está se sentindo em relação ao “Amama”, seu terceiro disco, que vocês já conseguiram fazer bastante shows com esse novo trabalho?
Ramani – Sim, eu acho que isso é verdade. Neste disco, sinto que estamos trazendo referências de muitos tipos de sonoridades que já tínhamos explorado e expandindo isso ainda mais. E também tem sido muito divertido tocar essas músicas ao vivo e ver como as pessoas reagem a elas e, sabe, adicionar seções diferentes, interpretá-las de formas diferentes ao vivo. Casa música meio que tem seu pequeno universo. Especialmente para este disco, parece que bate diferente ao vivo. 

Popload – Quando vocês fazem o setlist para um show, com esses três discos é até bom que vocês sejam os headliners, uma vez que conseguem tocar sets mais longos. Mas, na hora de escolher o que tocar, como vocês fazem? Vocês receberam muitos pedidos dos fãs brasileiros para tocar músicas específicas?
Ramani – Bom, nós sempre tocamos músicas de todos nossos discos, não só do mais recente. Mas eu acho que a gente não recebeu pedidos. Bom, provavelmente recebemos nos comentários [das redes sociais] e eu só não os vi [risos]. Mas as pessoas sempre querem que a gente toque nossas músicas mais antigas ou algum “deep cut” aleatório. Nós tentamos equilibrar esses pedidos com o que nós conseguimos aguentar tocar e o que queremos tocar. Porque é sempre um equilíbrio, sabe? Entre o novo e o antigo.

Popload – Isso é muito interessante porque fazem quase 10 anos que vocês são uma banda e essas músicas do começo podem parecer muito desconectadas de quem vocês são hoje. Quando vocês, como músicos, olham para essa jornada e as músicas que vocês querem tocar, como você sente que isso se traduz para seus fãs? 
Ramani – É como você disse, foi uma jornada. Quando nós começamos, as primeiras músicas que eu escrevi e que viriam a se tornar músicas da Crumb foram quando eu tinha 20, 21 anos, e a forma como eu mudei nos últimos 10 anos é gigante. Aqueles [os 20 anos] são alguns dos anos mais formativos, quando seu cérebro nem está totalmente desenvolvido ainda. Então é uma experiência muito bizarra que as músicas que eu escrevi, as músicas que nós fizemos nesse período são algumas das músicas que as pessoas mais se conectam com e associam com o nosso som. E eu acho que faz parte. E aí tem nossos “eu” mais contemporâneos que tentamos incorporar no som e como estamos nos sentindo agora. Mas isso está sempre mudando, sabe, então nunca se sabe o que vem para o próximo, como será. É isso e é um processo interessante, definitivamente.

Popload – Quando vocês vão a um lugar tão longe, como o Brasil, qual a sensação de ver de fato que sua música chegou ali e tem essa conexão?
Ramani – É sempre incrível viajar para tão longe e ter pessoas que são muito fãs do nosso trabalho. E agora nós já viajamos por todo mundo, mas eu acho que, especificamente, quando vamos para a América Latina e o México, os fãs por aí estão num nível diferente de fandom que é meio chocante. Porque, qualquer que seja a razão, nossa música ressoa muito na América Latina em comparação com outros lugares para onde já fomos.

Popload – Você tem algum recado para os fãs que vão aos shows aqui?
Ramani – Tragam boas energias e se hidratem antes dos shows. Nós tivemos muitas pessoas desmaiando em nossos shows recentemente. Então estamos tentando garantir que todos estejam bem, bebendo água e se cuidando.

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* Os três shows do Crumb no Brasil:
1. no Rio de Janeiro, sexta-feira, no Agyto, casa de shows na Lapa. As bandas paulistanas Walfredo em Busca da Simbiose e Pluma farão a abertura.
2. em São Paulo, sábado no Cine Joia, com a Pluma abrindo.
3. e em Porto Alegre, domingo, no Bar Opinião, também com a Pluma tocando antes.

** A foto do Crumb deste post é de Jacob Consenstein.