Perto de lançar primeiro álbum do The Cure em 16 anos, Robert Smith confessa que já tem mais um ou dois outros discos “prontos”

Em duas semanas, o seminal The Cure enfim lançará seu primeiro disco desde 2008. “Songs of a Lost World”, já devidamente apresentado pelos singles “Alone” e “A Fragile Thing”, não só acaba com a longa espera dos fãs, como também bota o geralmente arredio Robert Smith para falar com a imprensa.

Neste ritmo de divulgação do novo projeto, que recebeu avaliação 5/5 da NME, o vocalista tem concedido algumas entrevistas, uma delas para a própria NME, a outra para o The Times inglês. E, como sempre, as falas do músico britânico estão repercutindo.

Na linha “polêmica”, Robert Smith atacou a “indústria”, especialmente a prática dos ingressos de preços dinâmicos, que vem se acentuando nos últimos anos e foi evidenciada pela busca desenfreada de milhões de pessoas por ingressos da volta do Oasis.

Smith disse que boa parte dos artistas sabem da prática, que eleva os preços de ingressos no ato da compra, de acordo com a demanda. “Mas a maioria dos artistas se escondem atrás dos empresários. Todos eles sabem. Se eles disserem que ‘não’, ou são estúpidos ou estão mentindo. São todos movidos pela ganância”, disparou.

Sobre o novo disco, adiado por diversas vezes nos últimos 16 anos, Robert disse que os planos foram se alterando ao longo do tempo. A ideia inicial, segundo ele, era a de lançar o disco em 2018, quando a banda completava 40 anos, e o disco de estreia – “Three Imaginary Boys” – também chegaria aos 40 no ano seguinte. “Era um grande plano, mas grandes planos geralmente não funcionam muito bem, na minha experiência”, disse ele. “Não estava realmente sendo feito pelas razões certas. Foi um pouco ‘triunfal’, suponho, olhando para trás. O tom estava errado. No final, o que aconteceu em 2018 foi uma ótima maneira de marcar o aniversário da banda. Isso me deu tempo para pensar: ‘Por que faríamos um novo álbum?’”, continuou.

A partir dali, o Cure voltou à estaca zero. “O que aconteceu em 2019 foi muito mais natural e tudo evoluiu a partir disso. Não havia mais essa ideia de que estávamos ‘celebrando’ algo ou marcando um momento. Estava se tornando algo muito mais artístico, para ser honesto, em vez de algo que fizesse parte dessa ideia de, ‘aqui está o The Cure após 40 anos, fiquem impressionados!’”.

No entanto, a principal informação de Robert Smith nas entrevistas é de que, após esses anos todos devendo material inédito, o grupo já tem conteúdo suficiente para soltar mais um ou dois álbuns após “Songs of a Lost World”.

“A demo da música mais antiga deste álbum foi feita em 2010. Elas se estendem ao longo de todo esse tempo. A maioria delas, provavelmente cinco, foi escrita desde 2017. Três delas: uma foi em 2010, outra em 2011 e outra entre 2013 ou 2014. Havia muitas músicas para escolher. Gravamos cerca de 25 ou 26 músicas em 2019. Gravamos três álbuns em 2019, esse sempre foi o problema. Tentei finalizar três álbuns. Após esperar tanto tempo, eu pensei: ‘Vamos simplesmente lançar álbuns do The Cure a cada poucos meses!’ Olhando para trás, você pensa: ‘Sério? Eu poderia ter feito isso muito melhor’”, refletiu, antes de projetar o futuro.

“Desta vez vai dar certo. Terminando esse, o segundo também está praticamente pronto. O terceiro é um pouco mais difícil porque, bem, não sei se chegaremos até lá. Falando sobre o terceiro álbum, saca? Simplesmente, não consigo me segurar”, ressaltou.