O furor de 13 anos atrás, quando eles surgiram, não é mais o mesmo, claro. Mas dia de lançamento de álbum da banda inglesa The Vaccines é sempre um acontecimento. Afinal, todos os cindo discos deles anteriores ocuparam a lista dos cinco mais vendidos no Reino Unido, quando saíram.
E hoje sai o sexto, “Pick-Up Full of Pink Carnations”, que vem acompanhado de um visualizer para um de seus singles, o da faixa “Discount De Kooning (Last One Standing)”. Veja abaixo.
Sobre este disco novo, “Pick-Up Full of Pink Carnations”, e o que mudou na banda nestes últimos anos, o do estouro, o da chegada do streaming e a pandemia, falamos com o marcante vocalista do Vaccines, Justin Young.
Dá uma olhada na conversa. O Justin é esse cara do meio, à frente, de camisa azul clarinha na foto abaixo, em clic de Wrenne Evans para a revista inglesa “DIY”.
Popload – Seu novo disco, “Pick-Up Full of Pink Carnations”, é o primeiro dos Vaccines sem Freddie Cowan na guitarra solo. Você assumiu essa posição agora?
Justin Hayward-Young – Não, estou tocando guitarra base. Não consigo tocar guitarra solo. Timothy, que era nosso músico “auxiliar”, agora toca guitarra solo. Eu já tocava base em todos os discos anteriores, mas acho que toquei menos nesse disco novo.
Popload – E como essa mudança nas guitarras alterou a forma que vocês fazem música?
Justin – Quando uma banda perde um guitarrista, ou ganha outro guitarrista, inevitavelmente muda o som. De muitas formas, acho que isso permitiu uma expansão na banda, colocamos mais da nossa personalidade e criatividade no disco. Nosso disco anterior (“Back in Love City”, 2021) tinha um som mais programado, processado e produzido, e podia ser qualquer pessoa tocando guitarra nele. Agora tivemos essa oportunidade de mostrar ao mundo como soamos enquanto quarteto.
Popload – Então vocês optaram por um som mais orgânico desta vez?
Justin – Acho que foi bem intuitivo. Tínhamos as letras, os temas, e eu não tinha certeza de como tudo seria apresentado, mas é bom não planejar demais as coisas.
Popload – E aquele disco saiu durante a pandemia. Você sente que não conseguiu fazer tudo o que queria com ele?
Justin – Certamente sentimos que roubaram uma oportunidade de nós. Tocamos alguns shows na Inglaterra, mas as pessoas ainda estavam usando máscaras. O disco acabou saindo dois anos após sua gravação. Ou seja, foram quatro discos entre a gravação daquele disco e do novo. Então estou feliz de poder apresentar este disco novo.
Popload – Qual é sua motivação para continuar gravando discos com os Vaccines?
Justin – Acho que toda a humanidade é motivada a fazer o que ama. Compor, gravar e tocar música é uma necessidade para mim. Preciso expressar-me de formas novas. Acredito que a banda sente o mesmo, e estamos melhorando e achando novas formas de nos expressar.
Popload – E quando você começa a mostrar seu material novo para as pessoas ao seu redor, quem tem a reação mais relevante para você?
Justin – Acho que é a reação da banda. Quando toco as músicas para a banda, vejo as reações deles. As pessoas que nos agenciam também têm um ponto de vista criativo bom, temos uma ótima equipe. Mas é importante ter cuidado e não ouvir opiniões demais, ou a música pode ser prejudicada.
Popload -Você já pensou em produzir os discos por conta própria?
Justin – Não, nós somos produzidos por um cara chamado Andrew Wells. Já pensamos em cuidarmos da produção, mas amo a oportunidade de chamar alguém de fora para opinar de forma mais objetiva.
Popload – Eu entrevistei o The Hives recentemente e eles produziram um disco por conta própria, mas disseram que nunca fariam isso de novo, porque foi um pesadelo ter que lidar com cinco opiniões em vez de uma.
Justin: Eu acho que um produtor é quase como o técnico da banda. Ele pode assumir uma posição paternal ou maternal, e confiamos nele. Imagino como não ter um produtor pode ser um pesadelo.
Popload – Agora, com a acessibilidade da música nos serviços de streaming, você acha que as pessoas escutam mais singles e deixam de ouvir discos inteiros?
Justin – Acho que sim, mas, ao mesmo tempo, vejo algumas de nossas músicas no Spotify e quantas vezes são ouvidas por dia. Deve ser porque estão em playlists, não porque pessoas estão ouvindo o disco. Mas também fico pensando: se “If You Wanna” (hit do Vaccines, do primeiro disco)é tocada 56 mil vezes por dia, ela seria tão ouvida se as pessoas só tivessem acesso à mídia física?
Popload – Houve algum momento chave em sua carreira que você sente que mudou tudo para a banda?
Justin – Acho que foi quando Zane Lowe tocou “If You Wanna” como o “Hottest Record in the World” de seu programa na BBC Radio 1. E acho que ele tocou uma demo que estava no YouTube. Foi um momento enorme para nós.
Popload – A última vez que você tocou no Brasil foi há 10 anos. Por onde você anda?
Justin – Não sei como isso aconteceu. Amamos o Brasil e fizemos shows incríveis aí. Espero que possamos voltar aí com o disco novo.