Novo ano, nova música. Aqui estão oito apostas da Popload sobre novos artistas e bandas que já fizeram uma baguncinha boa no nosso underground em 2024 e prometem se estabelecer ainda mais agora no ano que acabou de começar já a milhão. Alguns deles já frequentaram nossos posts, mas desconfiamos que vão dominar bem mais nossas “páginas” agora em 2025.
É essa galera aqui:
Se você olhar bem ali na eterna movimentação do subsolo da música britânica, o grupo de hip hop/indie/barulheira Kneecap, da Irlanda do Norte, já tem até um longa-metragem todinho dele, lançado em agosto de 2024. E muito bom, ainda por cima. “Kneecap – Música e Liberdade”. Repara, tem até título em português, embora ainda não esteja em nenhum dos nossos streamings (porque nos nossos cinemas duvidamos que vão botar). Um pouquinho antes, em junho, lançaram o explosivo disco de estreia, “Fine Art”, espertíssimo tratado sobre a situação sociopolítica engasgada em cada habitante da Belfast moderna, que está pronta para explodir, tipo o trio Liam Óg Ó hAnnaidh, Naoise Ó Cairealláin e J.J. Ó Dochartaigh. Um deles não tira a balaclava colorida. Coisas finas a banda, o conceito, o filme.
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A gente já conhece a pequena inglesa Lola Young, de Londres, já faz uns aninhos. Mas estávamos distraídos quando ela soltou, em junho, seu novo álbum, o segundo dela, chamado “This Wasn’t Mean for You Anyway”. O Tyler the Creator não estava. E botou Lola Young para fazer um feat. numa música de seu ótimo disco novo, “Chromakopia”, levando a inglesa para uma galera grande nos EUA. Daí foi só uma canção dela, das novas, cair no final do ano nas graças do Tik Tok, a incrível “Messy” (Lorde, cadê você?), e boooooom, lá se foi Lola Young para os ares. Uma turnê enorme em 2025 vai nos fazer ouvir muito sobre ela.
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CENA – Dia 17 de janeiro agora sai o segundo single da banda indie surf-punk capixaba Maré Tardia. Quando eles lançaram o primeiro (“Tarde Demais”), em outubro, ganharam destaque na Popload. Mas a coisa ficou séria de lá para cá. “Já Sei Bem”, espertíssimo rock novo a chegar em 15 dias, com vídeo, vai antecipar o que já está sendo chamado de “segundo disco de estreia”, “Sem Diversão Pra Mim”, com dez faixas e distribuição “de gente grande” garantida pela DeckDisc. Ruim falar da música sem mostrá-la, mas calma. “Já Sei Bem” bota som esperto em cima da angústia de gostar de alguém que não está nem aí com você. Mas toda essa lamúria jovem vem em cima de um canção veloz e até certo ponto dançante. Essa é a graça da nova faixa do Maré Tardia. Para ajudar, a banda é de Vila Velha, Espírito Santo. Isso diz muito.
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New York City I love you and you bring me up. A onda indie-sleaze voltou a sacudir a cidade que nunca dorme e tem produzido bandas como a Fcukers, trio dance que tem a ótima Shannon Wise nos vocais. Lançaram o primeiro EP, “Baggy$$”, agora em setembro e já foram abrir dois shows do LCD Soundsystem no Brooklyn, na última residência infinita da banda de James Murphy, que virou amiguinho dos Fcukers. Antes do EP, causaram ao lançar o single “Homie Don’t Shake”, que traz samples do hino “Devils Haircut”, do Beck, de 1996. Nessas, o “Pitchfork” já botou os Fcukers no post “”11 Songs You Should Listen to Now”. Turnê mais pomposa, disco de estreia. 2025 está só esperando pelos Fcukers.
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Já bastante celebrado no indie americano desde 2018, o incrível cantor, compositor, multiinstrumentista e produtor Mk.gee (o nome artístico chinfroso de Michael Gordon, de New Jersey) alimentou seu culto em 2024 ao lançar finalmente seu disco de estreia, “Two Star & the Dream Police”, que saiu no começo do ano. Não satisfeito, lançou um single absurdo no final de outubro, a música “Rockman”, apontando para um novo álbum. 2025 promeeeeeeete ser um ano mais agitado ainda para Mk.gee, que vai tocar no Primavera Sound de Barcelona e, ousamos dizer, tem cara de vir ao Brasil também. Intuição de bastidor, digamos.
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Meio escondido, com ênfase no lançamento no Bandcamp, saiu o álbum “Love Is a Flame in The Dark”, disco de estreia do artista experimentalista (não experimental) Karl D’Silva. Apesar do nome, esse curioso artista é holandês, de Roterdam, cometeu um álbum de estreia absurdo, feito em seu quarto por quase dois anos, tocando todos os instrumentos (de bateria e guitarra a teclados e saxofone) e cantando muito bem. O disco foi bem recomendado em veículos cabeçudos, tipo o site “Quietus” e a revista “Wire”, mas emplacou o Top 50 dos discos do ano do jornal britânico “The Guardian”. “Love Is a Flame in The Dark” saiu em outubro, final de 2024, então imaginamos que o Karl D’Silva vai ter bastante trabalho em 2025 e deve voltar a frequentar a Popload. E o título do disco entrega do que trata o músico em suas sinceras e bem construídas letras: amor e escuridão, no balanço dessas duas coisas.
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CENA – A gente falou algumas vezes em 2024 da garota mineira Clara Bicho, que poderia estar fazendo suas músicas no Brooklyn, NYC, mas acontece de morar em Belo Horizonte e cantar em português. Clara soltou singles interessantes aqui e ali. Mas é em 2025 que, parece, vamos falar bastante dela por aqui. Clara Bicho é o futuro, então ela já tem planos traçados até para 2026. Agora no começo do ano, ela lança o single “Cores da TV”, uma parceria dela com a espertíssima Sophia Chablau. Na sequência, ainda nos primeiros meses do ano, lança o EP de mesmo nome, “Cores da TV”. O single é a faixa de abertura do disquinho de sete músicas. Clara diz também ter já bastantes composições prontas para um primeiro álbum, mas acha que este só deve sair no ano que vem. Mineira, uma coisa de cada vez. Primeiro, com os lançamentos, quer se estruturar para tocar fora de Minas Gerais e pegar canja ao vivo. Esperta. E a foto abaixo foi tirada pela Rafaela Urbanin.
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Disco em muitas listas de melhores do ano, principalmente entre os ingleses, o ótimo “Silence Is Loud”, álbum de estreia dele, é parte importante na onda renovada do drum’n’bass mundial, que veio até dar na nossa banda Paira, de BH, pensa. E no estica e puxa desse drum’n’bass para todos os lados, a jovem Nia, cheia das melhores breakbeats e com estrada trilhada no jungle inglês, conseguiu logo de cara agradar muuuuitas tribos. Ainda mais com a espetacular voz que ela tem. O negócio, talvez, seja que Nia produz ela mesmo. Isso desde que tinha 22 anos (tem 25 agora). Então a magia de apresentar um som tão próprio, que ao mesmo tempo mete britpop (ela usa Fred Perry!!!) ou uma pegada vocal da Amy Winehouse (não é só nós que falamos), impressiona. É isso mesmo: Nia Archives é dona de seu som. Mais bem assimilada na cena, ou nas cenas, dizem que 2025 vai ser o ano dela. A gente superacredita.