Você também achou fraco o incrível disco novo do DRUMS?

* Eu não achei. Muito pelo contrário.

* Lançado hoje nos EUA em vinil e CD, lançado há uma semana em streaming e lançado há semanas na internet, o disco “Portamento”, segundo esforço sônico do incrível grupo novo The Drums, do Brooklyn (NYC), está enroscado. Quase não encontro uma crítica favorável ao álbum.

Deve ter alguma coisa de errada. O disco é tipo maravilhoso. Não curti muito o “Portamento” na primeira audição, passou razoável pela segunda e, na seguinte, já era um dos discos mais gostosos de 2011 na opinião da Popload enquanto pessoa física. O termo “gostoso” no caso, que abarca também os álbuns deste ano do Metronomy e do Kills na mesma proporção com cada um na sua, é naquele sentido de músicas legais + batidas espertas + guitarrinha envolvente + letras incríveis de tão simples + remissões a bandas bacanas embora com personalidade própria + disco que dá vontade de dançar + que muda o humor + que deixa o dia mais alegre + que estimula a sair da cama + que dá desejo de ver o show. Essas coisas somadas.

O modern pop do Drums pertence ao indie americano, mas tem cara de inglês. É megamoderno, mas remete a Smiths, Cure, Joy Division e New Order. E Felt, manja Felt? Mas não é tão dramático quanto os ingleses. O astral aqui é positivo. Mesmo sofrendo nas letras, o figurinha Jonathan Pierce, parece filho do Alex Franz Ferdinand Kapranos, sobrinho do Morrissey. Mas com cabelo tigela loiro. E dança bem melhor (que o Kapranos). Isso tudo já foi falado 100 vezes, aqui e fora daqui.

“Portamento” é um desfile de músicas facinhas e deliciosas, do começo ao fim. Tem a ótima “Money”, nossa velha conhecida, até porque o Drums tocou ela aqui no Estúdio Emme antes mesmo de tocá-la em Nova York. Ou a primeira vez fora de Nova York. Não lembro bem o que o Pierce falou, mas só para recordar como a música é nossa “amiga” já.

Mas o disco pode ser definido em uma canção só, “Hard to Love”. Começa com palminhas, depois entra com um baixo saliente e balançado que não sai do mesmo ritmo até o refrão, depois volta até a música acabar. Aí entram o vocal lindo de Pierce, a bateria e a guitarrinha cadenciada em poucas notas, tudo de uma vez. Nessa já está-se dançando pela sala. Pierce tipo envolve pegajosamente com sua voz, algo urgente, com pressa, cheia de uhus e ahas. Se você não presta atenção nas palavras, sua voz passa uma sensação feliz. Mas ele está se sentindo miserável com o amor duro de amar dele. “Me diz por que eu quero morrer quando você me olha com esse olhar?”. Aí ele desabafa, em inglês para ficar mais bonito: “And I would never leave you, but you hard to love”.

Sabe como o disco acaba? Com a linda de morrer “How It Ended”. Bravo, Pierce!

Acho que já postei isso, mas vale o repeteco oportunista. The Drums tocando “Money”, do disco novo, em São Paulo.

Na vibe do lançamento de “Portamento”, o Drums vem lançando em seu site uma série de vídeos chamada “Visiomento“, com papinhos gerais, faixas do disco novo tocadas ao vivo no estúdio deles. Tudo num clima “Lost”, pode reparar. Hoje subiu o vídeo “Novas Tecnologias em Música”, um episódio 4 apresentado pelo guitarrista e tecladista Jacob Graham, como se o estúdio do Drums fosse uma estação do Dharma e a banda fosse dos anos 60. E nós estivéssemos achado o “Portamento” agora, 50 anos depois de ser gravado. Molecadinha maluca.

O primeiro vídeo de “Portamento” foi a bela “What You Are”, desempenhada ao vivo nesse clima “Lost”.