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* O título é grande porque o assunto é grande.
Mais uma entidade musical do que exatamente uma banda, o Instituto lança daqui uma semana, em seu site, o segundo álbum. “Violar”, que deve chegar ao vinil até o final do ano, sai todinho virtual 13 anos depois que a dupla Rica Amabis (direita na foto abaixo) e Tejo Damasceno, então com o terceiro integrante Ganja Man na parceria da “empresa”, mexeu real com a cena brasileira, revelou e foi revelado, sacudiu essa mesma cena com o álbum de estréia, “Coleção Nacional”. Parceria de caras novas e gente conhecida, de uma amplitude artística que ia do hip hop ao erudito, da MPB ao indie recifense e cearense, e tudo fazia muito sentido.
Nesta segunda-feira eu conto essa história na Ilustrada, da “Folha de S.Paulo”, em texto que eu replico aqui. Incrível como 13 anos depois, com as mesmas ideias, o Instituto fez melhor e com mais sentido ainda.
Assim saiu na “Folha”, em uma versão um pouquinho menor que esta que você pode ler abaixo:
Provável disco mais importante de um não-grupo da cena nacional nos últimos anos, o Instituto lança em seu site na próxima segunda, 26, de forma gratuita, o aguardado “Violar”, seu segundo álbum, que sai 13 anos depois de seu trabalho de estreia, “Coleção Nacional” (2002), o então disco mais importante de um não-grupo brasileiro daquele começo do novo milênio.
Empresa de trilhas sonoras de filmes, séries e publicidade que também é um selo, já virou banda para shows ao vivo e carrega um espírito de “coletivo de ideias musicais”, o Instituto é capitaneado pelos produtores e engenheiros de som Rica Amabis e Tejo Damasceno, que articulam música desde uma sala-estúdio na Vila Madalena, em São Paulo, onde receberam a Folha.
“Violar”, o álbum que antes de “subir” à internet no seloinstituto.com.br pode ser experimentado na plataforma de streaming Spotify, beneficia a e se beneficia da cena nacional ao reunir em 13 faixas dezenas de novos e não tão novos nomes da música brasileira, de Otto e Lenny Gordin a Karol Conká e o quinteto Metá Metá, mais o ilustre baterista nigeriano Tony Allen, um dos pais do afrobeat, e a especialíssima presença vocal do rapper Sabotage, morto há mais de 12 anos, exatamente quando “Violar” começou a ser feito.
“Uma das primeiras músicas do disco novo [“Vai Ser Assim”] começou a ser feita em 2003. Quando o Tony Allen veio ao Brasil, em 2004, a gente gravou uma participação dele, junto com o pessoal do Mundo Livre, de Recife. Dois anos depois, pegamos o Lanny Gordin (guitarrista gringo de formação musical brasileira) para pôr as guitarras. O Criolo foi um dos últimos a entrar na música. Gravamos a voz dele em 2013. A música levou dez anos para considerarmos ela pronta”, afirma Rica, a metade do Instituto, que já foi um trio. O produtor Ganja Man fazia parte da “empresa” até ser consumido há alguns anos pela meteórica carreira do rapper Criolo, do qual virou produtor, integrante da banda e empresário.
O grande destaque do disco é a ótima “José do Pinho”, música que Sabotage fez em homenagem a Chico Science, outro saudoso representante da música brasileira. Alto José do Pinho é um famoso bairro de Recife e a faixa tem ainda participações de Otto e Nação Zumbi, representantes da onda manguebeat dos anos 90, além do rapper Sombra, de SP.
“Uma vez o Sabotage foi a Recife receber um prêmio por ter atuado no filme ‘O Invasor’ e pirou com a cidade. Ele dizia que se sentia especial só de estar na terra do Chico Science. Voltou e escreveu a música”, lembra Tejo.
“Violar” deve ganhar prensagem em vinil até o final do ano.
Uma das últimas lembranças do Instituto, antes desse disco novo, havia sido em um formato ao vivo, banda de verdade, tocando no festival Summer Soul Festival, em 2011, que teve a Amy Winehouse como principal destaque.
“Não, o Instituto de ‘Violar’ não deve mais tocar ao vivo, fazer shows, montar banda”, encerra esse assunto o Tejo.
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