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* Nesta data, 17 de maio, mas em 2000, como o mundo não tinha acabado mesmo e a “Folha de S.Paulo” achou que era hora de entrar nesse mundo novo da internet e criar o braço virtual “Folha Online”, me convidaram a fazer uns textos na seção “Pensata”, para botar textos inéditos ou “sobras de entrevistas e outras coisas que você não consegue colocar no jornal por causa da falta de espaço”. Eu trabalhava na “Ilustrada”.
Aceitei e logo na estreia, exatamente 12 anos atrás, resolvi escrever como primeiro texto algo sobre… dois atores de cinema. Hahaha. Tudo bem que na escrita eu disse que o ator Russell Crowe (estava estreando “Gladiador” naquela semana) de “ator rock’n’roll”, mas ainda assim.
Isso foi o embrião do que é este blog hoje, que começou sem nome na “Folha Online”, ganhou correspondência numa seção musical do jornal-papel chamada “Download”, que viraria a semanal Popload na página dois da Ilustrada (debaixo da coluna social da Monica Bergamo), sairia da “Folha” para virar blog, iria pegar forma no portal iG, era sobre textos longos e confusos quase diários, entraria na onda dos posts (mais ou menos) curtos e iria se estabelecer lindo e loiro no UOL, hoje, fortalecendo seus tentáculos de festival e outras ações.
A história do início da Popload, lá em 2000, é a própria história (ou a própria MINHA história) de como a internet mudou a música e o jornalismo. Ou de como eu vi a internet mudar as duas coisas que me formaram como profissional.
Agora, por ocasião do aniversário, foi um exercício no mínimo engraçado ver o que foi feito a partir daquele post besta sobre dois atores pelos quais eu nem estou aí hoje em dia.
É mais engraçado ver/saber/lembrar que muita gente que me escrevia, participava, ajudava de alguma forma, mandava emails láááá em 2000 acabou virando jornalista de música hoje. Uns eu acho até bem melhores que eu, muitos hoje me odeiam (mas não deixam de ler, hahaha), vários viraram amigos pessoais.
(A resposta ao blog, então coluna, lá em 2000, era direta, por email. Era a medida da época, pensa. Não era “curtir”, não era comentar. Falei no fim de 2000, na Pensata “retrospectiva”, que meu primeiro texto, o dos atores, me fez receber 70 emails na semana. No final do ano, tinha uma média de 90 emails. Por dia. E eu só escrevia às sextas.)
**** ALGUNS DOS MOMENTOS DO PRIMEIRO ANO DA POPLOAD, QUE AINDA ESTAVA LONGE DE TER ESSE NOME
>> Era Medieval da Internet, pré-podcast, pré-twitcam, pré-soundcloud:
“Meu amigo, você tem a Internet na mão. Se a programação inspirada da 3wk está passando na sua linha de telefone e você está perdendo, não diga que não foi avisado.
Mas o papo é outro. A tal revolução. Agora, aí da cadeira de onde lê esta coluna, você pode criar sua própria rádio, virar DJ e se fazer ouvir mundo afora.
Vá até o site da Live365.com, a maior comunidade de transmissão de rádios da Internet, que ultrapassou na semana passada a marca das 100 mil “broadcastings” simultâneos.
A dica é entrar no site por um atalho, no endereço www.live365.com/home/index.html e começar clicando no “sign up”.
Inscreva-se, siga os procedimentos.
Tudo o que você vai precisar é ter as músicas em MP3. Você monta sua própria rádio e transmite suas canções de graça, pela rede.” 07.06.00 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/luri_20000607.htm)”
>> A época do Napster:
“O Napster foi o brinquedinho mais legal de todas as crianças de idade entre 12 e 50 anos. A comunidade virtual de arquivos de MP3 foi duramente combatida pela malévola indústria musical. O melhor da história é que a indústria chiou, chiou e… nada.”
>> Ouça musica por TELEFONE. E PAGANDO:
“Os mais recentes discos do Primal Scream (“Exterminator”) e Asian Dub Foundation (“Community Music”), ambos sendo lançados no Brasil (ouça “Real Great Britain”, do ADF, pelo Folha Informações no telefone 0/xx/11/ 3794-0146 – opção 1 rock contemporâneo, pagando só o custo da ligação)”
>> Quando eu ainda achava que fazer show no Brasil era moleza e não uma baita encrenca:
“Por que o DJ americano Moby está com show marcado para a Argentina e nem vai dar as caras aqui no Brasil?”
>> Era pré-skype, pré-Viber:
“O amigo Thiago Ney, esbaforido, ligou para este colunista e botou o telefone direto em uma rádio inglesa. “Ouve isso”, disse ele. Estava tocando a novíssima “Shining Light”, da banda punk pop irlandesa Ash.”
>> E pré-Apple-TV e YouTube e tal:
“O Sérgio Dávila, também, poderá ser lembrado pelo cara que NÃO GRAVOU para mim o histórico “Dawson’s Creek” do despertar da Joey, que passou horas antes de minha chegada a Nova York.”
>> A primeira vez que contei a história do OASIS x SEU TÊNIS, que se repetiria nos 12 anos seguintes:
“O meu tênis encardido. Um tênis Adidas futebol de salão, fuleiro, que eu levei exatamente para ralar no festival. Penso até em jogá-lo fora quando tudo acabar. Falávamos do show no Rock in Rio (2001) e o cara só olhando no meu pé. Aí ele interrompeu o papo para perguntar onde eu tinha descolado o calçado.”
Liam Gallagher em uma das fotos do episódio do tênis, na piscina de um hotel no Rio, na época do Rock in Rio 2001. Vendi essa foto para a “New Musical Express” por 125 libras. Virou até pôster na revista, depois
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* Quando der, vamos falar mais aqui sobre os 12 anos da Popload. 🙂