Atenção, meninas. Lykke Li vem para o Lolla Brasil em março. E vimos o show dela ontem em Paris

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* Quando o anúncio do Lollapalooza Brasil chegar, no fim de semana, o nome da escandinava Lykke Li deve constar do line-up. A sueca vem ao país pela primeira vez e principalmente depois do “sucesso cinematográfico” que foi a música fofa dentro do filme francês “Azul É a Cor Mais Quente”, que dispensa mais explicações, hoje em dia.

Lykke Li entra na turma indie boa de se ver dentro do Lollapalooza, que vai ter entre outros Alt-J e St. Vincent, passando por The Kooks, Kasabian, Bastille, Chvrches e até Foster the People. Entre as atrações mais graúdas, as notícias apontam especialmente para os nomes de Jack White, Robert Plant e Pharrell Williams.

Em rolê pela Europa, depois de trazer algumas novidades sobre o festival Iceland Airwaves, a popload Talita Alves acompanhou o show da Lykke Li em Paris, como parte da turnê “I Never Learn”, do discaço lançado neste ano.

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Aquela moça que a gente conheceu em 2000 e qualquer coisa não é a mesma de ontem à noite no Casino de Paris, na capital francesa. A música é cheia dessas histórias sobre mulheres que lidam com seus demônios particulares, seus amores e transmutam essa experiência afetiva na própria música. Fez lembrar um pouco o que aconteceu com a Cat Power, que saiu destruída de um relacionamento, se isolou e fez um disco. Lykke Li cruzou o mesmo drama, saiu de um namoro e começou uma vida sozinha.

Em seus primeiros álbuns, a cantora passou a ser vista como popstar. Em I Never Learn ela quis explorar o seu potencial não-pop, trazendo referências e arranjos dos anos 70, com letras que mais parecem ser uma confissão. Sempre com um copo de whisky por perto, uma das principais contribuições de seu último trabalho. No show de ontem foi bem assim – e com pouco gelo, por favor.

Ela sobe ao palco toda de preto, parece querer se esconder atrás das cortinas, mas acontece exatamente o contrário. Ela brilha no centro, todos os olhares são pra ela. Sua música fala de angústia, de dor, de amar alguém como se fosse o último. A vergonha, a culpa e a tristeza de abandonar alguém, como ela descreveu em entrevista ao Pitchfork. Apresentação tarja preta, devia ter um aviso desses na porta do Casino de Paris.

Eu achava que o público viria mais para ouvir I Follow Rivers, pra se sentir como se estivesse num remake de La Vie d’Adèle. Era o tipo de cena que eu esperava ver, ainda mais aqui, e por comentários de amigos que tinham assistido ao show da Lykke Li esse ano. Não foi exatamente o que aconteceu. A galera se empolgou com essa música e com as outras, dos álbuns mais antigos também. E com os covers, teve até uma versão de Hold On We’re Going Home do Drake.

Gunshot é uma das músicas mais lindas ao vivo e assume uma postura que Li quis trazer nesse último álbum. Ela se tornou uma mulher e fez do Casino palco de sentimentos universais, que são dela e nossos também. Já que estamos em Paris, faz sentido citar Simone de Beauvoir para falar da cantora sueca. ‘Não se nasce mulher, torna-se mulher’, escreveu Simone.

Foi exatamente o que aconteceu com a Lykke Li.

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