No começo desta semana, na Cidade do México, na audição especial de “The Land Is Inhospitable and So Are We”, o novo álbum da Mitski que foi lançado nesta meia-noite, um grupo de pessoas (Popload incluída) foi trancado dentro de um estúdio, celulares próprios confiscados, todo mundo encarando de frente uma mesa de som com um único celular liberado (o da produção).
No pouco mais de meia hora que dura este sétimo álbum da cantora americana que nasceu no Japão, nada se falou, quase não se respirava.
O recado ali parecia ser mesmo penetrar no mundo próprio de Mitski, suas letras de alguma luz, clarezas, mas principalmente de enfrentamento de sua escuridão, sempre presente de algum jeito em suas músicas.
E assim que tudo começou, com a primeira faixa, “Bug like an Angel”, nos primeiros dedilhados de violão e na entrada da voz delicadíssima de Mitski, estávamos todos lá dentro desse mundo dela, a ouvindo cantar na maior paz algo sobre um inseto que parece um anjo pregado no fundo do copo dela, com umas partes dele faltando. E que à medida que ela, Mitski, foi envelhecendo, aprendeu que era uma bebedora (termo fofo para “alcoólatra”?), porque um drink às vezes parece ser tipo algo acalentador, reconfortante, como se fosse parte da família dela.
O convite estava dado.
Para entender o desconcertante mundo das músicas normais-NADA-normais de Mitski, é preciso penetrar no universo de uma letra dessas (tem várias, praticamente todas as 11 faixas de “The Land Is Inhospitable and So Are We”) e sentir.
Sentir é a chave necessária, com letras dessas em cima de um punhado de belas canções “normais”, como mencionamos, algo entre o country e o folk “normais”, mas que com Mitski tem outros significados e alcances e camadas.
“The Land Is Inhospitable and So Are We” (que título “inóspito” é este?) é um disco enorme, na complexidade de sua meia-hora de duração. Também por suas músicas, bonitas e rápidas e “enfeitadas” por sons mundanos, tipo latidos de cachorro ou barulhos de vento ou de mar. Mas ainda, enorme também se permitirmos que Mitski nos conduza com sua voz e sentimento, a um universo de enfrentamentos de claro e escuro, light and dark tudo conectado sonoramente. Ouvidos e alma.
Talvez por isso que o crítico do jornalaço inglês “The Guardian”, Alexis Petridis, em sua crítica com nota máxima disse que Mitski mostra com esse álbum novo que é uma das melhores cantoras-compositoras trabalhando na música de hoje.
Tudo isso ilustrado pode ser visto do vídeo que Mitski lançou ontem para a lindaça “My Love Mine All Mine”, aqui embaixo.
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* “The Land Is Inhospitable and So Are We”, o sétimo álbum, pode ser ouvido na íntegra aqui.
** A imagem de Mitski que ilustra este post é de Ebru Yildiz.
*** A Popload foi ao México a convite da D Music Marketing (@dmusicmarketing) e a ForMusic (@formusicbr).